“Escutem os cientistas”. Este é o título de um artigo que trata sobre os alertas da ciência quanto à atual pandemia, que, apesar de inúmeros exemplos no passado, a humanidade não levou a sério. A autora Laura de Freitas, doutora em biociências e biotecnologia, finaliza com uma esperança: “Quem sabe os tempos de privação do beijo no rosto — um hábito tão caro e tipicamente brasileiro — nos dirija a um mundo no qual não precisemos mais nos perguntar: “E se a gente tivesse escutado os cientistas?”.
Escutar a ciência, sem dúvida, é estar preparado para o futuro. É como ouvir os conselhos do pai e da mãe, a voz da experiência. É tomar todos os cuidados sanitários e ser imunizado pela tão esperada vacina contra a Covid-19. Fazer o contrário disso é o mesmo que não obedecer a vó quando nos dizia, “Sai da chuva, vai pegar um resfriado”. O que estamos vivenciando hoje, com milhões de infectados e quase dois milhões de mortos no mundo, é consequência dos ouvidos tapados para as advertências dos cientistas, que desde o começo diziam que o vírus era extremamente perigoso.
No livro de Provérbios, o sábio diz que “Os tolos desprezam a sabedoria e não querem aprender” (1.7). A Bíblia de Estudo da Reforma explica aqui que “Deus é doador de todas as compreensões humanas; ele deseja que seu povo o considere em reverência, respeito e amor”. Ou seja, os cristãos reconhecem que Deus é o responsável pela capacidade cognitiva e racional dos seres humanos, e, por isso, desprezar o conhecimento e as descobertas científicas, os meios modernos da medicina e todos os avanços tecnológicos para o bem da sociedade – tudo isso implica em rejeitar os dons de Deus. No fim das contas, a ciência humana é um presente divino para se cumprir o Quinto Mandamento, “Não matarás”, e que Lutero tão bem explica no Catecismo Menor, que, ao contrário de “causar dano ou mal algum ao nosso próximo, devemos ajudá-lo e favorecê-lo em todas as necessidades corporais”. Diante disso, ouvir a voz dos cientistas, sobretudo nestes tempos de pandemia, é ouvir a voz de Deus e respeitar a vida, própria e do próximo. É evidente que, quando a ciência humana contraria a vontade de Deus revelada nas Sagradas Escrituras, ela deixa de ser um instrumento de Deus e se torna uma ferramenta de Satanás.
Em todo o caso, a humanidade sempre foi teimosa em ouvir a sabedoria, especialmente quando o assunto é o Terceiro Mandamento, “Santificarás o dia do descanso”. Foi Lutero que também sabiamente explicou que não devemos desprezar a pregação e a Palavra de Deus, mas considerá-la santa, gostar de ouvi-la e estudá-la. A Bíblia, do começo ao fim, insiste neste alerta: escutem os profetas. De forma trágica, o lamento de Jesus “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os mensageiros que Deus lhe manda” – faz parte de uma história absurda que se repete no mundo que insiste em rejeitar a ciência divina, propagada pela epifania do Salvador Jesus.
Parafraseando a cientista Laura, quem sabe os tempos de privação de não poder beijar e abraçar os irmãos e irmãs na fé e estar presente na igreja, nos dirija a um mundo no qual não precisemos mais nos perguntar: “E se a gente tivesse escutado os profetas?”.