A manjedoura e a cruz!

Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, para a Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Estando eles ali, aconteceu completarem-se-lhe os dias, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2.1-7).

Uma manjedoura

Que lugar é esse? Que nome estranho. É o nome que damos à cama de Jesus. O que era prato de animal vira a cama do Salvador. Nós, que nos acostumamos a camas acolchoadas e macias, não temos uma definição exata e uma ideia precisa do que foi a cama de Jesus. A cena é de humildade dos pais e de Deus se manifestando na simplicidade.

Uma manjedoura

Jesus cresceu e seguiu sem ter cama. Um dia disse: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Sem cama. Outro momento, quando cansado fisicamente, dorme num barco precário e acoitado por uma tormenta em alto-mar. É acordado por discípulos medrosos, cuja fé era pequena. Quando poderia dormir, os homens o despertam.

Uma manjedoura

Quando finalmente reclinou a sua cabeça, foi no alto de uma cruz. Mas ali ele morreu. Então foi deitado num lugar seguro, calmo e de descanso; foi numa sepultura emprestada de José de Arimatéia. Ali também não o deixaram dormir. Agora, Deus Pai o chama à vida: ele ressuscitou!

Uma manjedoura

Jesus, definitivamente, não veio para dormir. Usando sua própria palavra: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”. Deus é Deus também quando está deitado numa manjedoura. Motivou a viagem de pastores e de sábios para adorá-lo.

Jesus experimentou desde pequeno a dureza da vida e do coração humano. Não é um bom lugar para se habitar. Mas tudo aconteceu assim para cumprir com propósitos maiores e que a humanidade não entende e aceita: havia uma dívida a ser paga.

Deus resolveu perdoar esta dívida de um jeito estranho, humilde e pobre. Os olhos humanos, que muito facilmente olham para o luxo e o conforto, são confrontados com uma cena pobre, desprezível e inesperada. O jeito de Deus revelar-se em perdão custou-lhe caro: o precioso sangue de Jesus – o mais precioso, seu único Filho.

A manjedoura recebe e acolhe o Rei que mais tarde seria crucificado. A lenha, a madeira da manjedoura, agora segura, em pé e morto, aquele que veio para dar vida e ser salvação: o renovo de Israel, o broto, o lenho verde. Inclusive cantamos: “Brotou-nos um renovo”. Um renovo que tem vida em si mesmo. Se na manjedoura foi ignorado e não crido, na cruz foi pendurado, cuspido e açoitado.

O que Jesus foi na manjedoura, igualmente o foi na cruz. Deus e Salvador. Isso nos interessa muito, afinal estas lenhas, travessas e cochos não conseguiram fazer de Jesus um personagem morto. Ele não veio para dormir nem permanecer morto.

Nas palavras dele: “O meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho”. Nós também trabalhamos, e bastante, especialmente nesta época. Mas também dormimos. O trabalho nos permite ter camas macias e travesseiros confortáveis. Muitas vezes nos fazem perder até os cultos.

Uma manjedoura

Uma cruz. Um homem, Deus e Salvador. Tudo isso aconteceu não porque Deus estava precisando, mas para que o mundo fosse salvo da morte, do sono eterno. A manjedoura conta a nossa história, que culmina na cruz. Alguém precisava disso: eu e você. Deus é amor. Deus trabalha e se sacrifica em favor dos seus filhos. “Nunca dormita o guarda de Israel”.

Por isso fica uma palavra final sobre verdadeiro descanso aqui e que é eterno: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados; eu lhes darei descanso”. Para quem não crer: “Não entrarão no meu descanso” (Hb 4.5).

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.9). “E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder” (2Ts 1.7).

Feliz e abençoado Natal. Amém.

Ilmo Riewe,

Pastor da IELB

Arapoti, PR

*Texto publicado na edição de dezembro de 2013.

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