Abrace, simplesmente abrace e seja abraçado

 Pastor Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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Abrace, simplesmente abrace. Você sabia, leitor, que o abraço oferta conforto e atua no equilíbrio de três sistemas? O primeiro é o sistema nervoso central, que é parte do límbico, o sistema imunitário (defesa do organismo) e o endócrino (produção de hormônios). O bem-estar produzido pelo abraço fortalece esse triângulo. O abraço é muito mais do que estar por entre os braços de alguém, o abraço é uma entrega. Não é simplesmente abraçar um corpo, mas a pessoa. Quando você abraça, você está dizendo por meio do afeto: “estou contigo”. É muito bom sentir aconchego nos braços de alguém que a gente gosta. O abraço também pode ser consolador diante de uma tristeza, de uma saudade e assim por diante. Tem até o dia do abraço no calendário: 22 de maio.

No dicionário, ele possui algumas significações: junção entre coisas ou pessoas, na perspectiva da arquitetura, é um enfeite feito por folhagens que se entrelaçam ao redor de uma coluna; é envolver alguém com os braços e uma demonstração de afeto ou amizade.

Para alguns, abraço é afeto, para outros, um cumprimento, uma formalidade cotidiana. Dependendo da intensidade, ele pode ser íntimo, pode ser contornado pelo sentimento de interesse, de conquista. O abraço é uma linguagem, ou seja, é uma circunferência, como se fosse um elo, onde o ser humano se sente protegido por estar entrelaçado. Conforme o sentimento do abraçado, o que ele pode estar passando, o abraço pode se tornar um ninho, um refúgio, um descanso diante das intempéries da vida. O abraço é uma confissão silenciosa, enfim, ele pode possuir múltiplos significados, que são permeados de amor, acolhimento, compaixão, envolvimento, etc.

É como um agasalho, cuja a pessoa é aquecida e reparada emocionalmente. Quando enlaçados, aninhados nos braços um do outro, a pessoa tem a extraordinária sensação de que não é tão só e se torna mais corajosa para o enfretamento do mundo e suas asperezas.

UMA SOCIEDADE CONECTADA, MAS NÃO ABRAÇADA

O abraço é um entrelaçamento de corações. No entanto, estamos vivendo em uma estrutura social conectada e não abraçada. Por consequência, o abraço vai sendo cada vez mais uma relíquia emocional, destroços de uma distante vivência social. É um acolhimento beirando ao término, em que, hoje, os seres humanos se abraçam por meio de algoritmos, emoticons e dígitos que não possuem o mesmo efeito.

O abraço é um gesto definido popularmente como: “onde não tem braço, não tem abraço”. Quando o abraço some, somem também: compaixão, carinho, acolhimento, amor e assim por diante. De fato, extinguir o abraço é um grande prejuízo para o sujeito.

Abraçar é você poder ajudar o próximo, reduzindo suas preocupações e medos. Lembrando: sensações provindas do tato são permanentes em nosso existir, são vívidos e excelentes contribuintes para a organização e a reorganização psíquica. Por fim, abraço é sinônimo de cuidado: reduz o stress, é um compartilhador de emoções e diminui a ansiedade e a dor. A vida é uma contínua inquietação, sendo assim, sempre vamos precisar abraçar e sermos abraçados. Abraços genuínos ocorrem por entre as pessoas e não em telas, seja qual for o tamanho.

ABRAÇOS, MUITOS ABRAÇOS!

Desde que nascemos aprendemos a usar o abraço para mostrar os nossos múltiplos sentimentos. Ele é um veículo de transmissão, uma comunicação não- verbal de grande eficiência e aliviador de tensões. O abraço é um campo de muitos benefícios. Falamos bastante até aqui, amigo leitor. Assim sendo, fica o meu desejo: abrace, simplesmente abrace e seja abraçado.