Terminado o ano de Lucas (o assim-chamado Ano C), estamos de volta ao início do ciclo trienal, com o Evangelho Segundo Mateus (no Ano A). Assim, neste próximo ano litúrgico (com início no final de novembro de 2025), teremos uns 40 domingos com leituras tiradas do Evangelho Segundo Mateus. Mateus, porém, não estará sozinho neste ano. Em alguns momentos importantes, ele terá a companhia do evangelista João e, em um ou outro domingo, a companhia do evangelista Lucas. Pelo lado das epístolas, teremos vários textos avulsos, tirados de diferentes livros. Em leitura contínua, em vários domingos seguidos, estarão conosco a Primeira Carta de Pedro (nos domingos do período da Páscoa) e as cartas de Paulo aos Filipenses e a Primeira Carta aos Tessalonicenses (na parte final do ano, da metade de setembro até a metade de novembro). No período da Epifania (metade de janeiro ao começo de fevereiro) teremos quatro leituras da Primeira Carta aos Coríntios. E – segure-se bem na cadeira! – teremos quinze domingos, de 7 de junho a 13 de setembro, com leitura de textos da Carta aos Romanos, dos capítulos quatro ao catorze.
Quero destacar algo a respeito de cada um desses livros que teremos o privilégio de ler, ouvir, meditar, estudar e viver em 2026. Fica o convite para que você programe o estudo desses livros bíblicos no novo ano.
O Evangelho Segundo Mateus
Durante muitos séculos, este evangelho fez o papel de “evangelho da igreja”. Foi o evangelho litúrgico por excelência, pois na Série Histórica (anterior à Série Trienal e usada desde os tempos antigos), 24 leituras de evangelho eram tiradas de Mateus.
O evangelho de Mateus forma uma bela transição do Antigo para o Novo Testamento. Nele, aparecem 43 citações de textos do Antigo Testamento. Assim, há quem pense que este evangelho foi escrito para evangelizar os judeus. Também já foi sugerido que o evangelho de Mateus se propõe a ensinar como se deve ler o Antigo Testamento. Tudo isso é possível, mas o evangelista não declara porque escreveu. Em última análise, esse evangelho foi escrito para todos, também para nós.
Uma das características de Mateus é o seu arranjo cuidadoso. O relato é, em grande parte, cronológico, mas dentro disso o evangelista vai agrupando discursos e milagres, alternando ciclos de discursos com grupos de milagres de Jesus. São bem conhecidos os cinco sermões de Jesus neste evangelho: o Sermão do Monte (Mt 5-7), o Sermão aos Discípulos (Mt 10), o Sermão das Parábolas (Mt 13), o Sermão da Igreja (Mt 18), e o Sermão do Fim dos Tempos (Mt 24-25).
O Evangelho Segundo João
O evangelho de João é lido aos poucos, na Série Trienal, ao longo dos três anos. Assim, na prática, ao final dos três anos, leu-se tanto de João quanto se leu de Mateus ou de Marcos ou de Lucas. O quarto evangelho é lido especialmente na Quaresma e nos domingos de Páscoa. O bom Pastor, em João 10, por exemplo, é o Cristo que ressuscitou e que dá vida – e vida em abundância. Com a aproximação da festa da Ascensão e do Pentecostes – ao final do período da Páscoa –, o capítulo catorze de João traz palavras de despedida de Jesus e a promessa do Espírito Santo.
1Coríntios
Na Série Trienal, essa carta é lida no período da Epifania. Foi dividida em três partes, sendo que os dois primeiros capítulos são lidos no Ano A (de Mateus). Por que 1Coríntios na Epifania? Porque a carta é longa (e assim serve para os três anos) e aborda uma série de temas importantes para a igreja.
1Pedro
A Primeira Carta de Pedro é um belo resumo da fé cristã. Lutero a colocou entre os textos mais nobres da Bíblia. Esta carta é lida no período de Páscoa. Quer saber por quê? Ela diz logo no começo que “Deus nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). É claro que, na sequência, aparecem os desdobramentos, as consequências dessa nova vida que a ressurreição de Jesus possibilitou.
Romanos
Quinze leituras de epístola tiradas de Romanos! Haveria melhor razão para um estudo bíblico ou uma série de pregações sobre esta epístola no período pós-Pentecostes? Martinho Lutero disse que o cristão deveria ler essa carta todos os dias e até mesmo ter o seu texto decorado! Tudo bem: começaremos a ler no capítulo quatro, saltando a parte inicial, isto é, Romanos 1.1-3.20, em que se expõe a culpa de toda a humanidade. Mas é bom lembrar que o texto de Romanos 3.19-28, uma bela síntese do evangelho, é lido na festa da Reforma. Nos demais capítulos (esses que serão lidos na igreja), a carta aos Romanos tem uma estrutura bem clara: o exemplo de Abraão confirma a justificação pela fé (Rm 4); Cristo é cabeça de uma nova humanidade (Rm 5); justificados pela fé estamos livres do pecado (Rm 6), da lei (Rm 7) e da morte (Rm 8); a incredulidade dos israelitas não anula o plano de Deus (Rm 9-11); a justificação pela fé na vida prática (Rm 12-16).
Filipenses
Esta carta de Paulo, escrita na prisão, é um belo acesso ao ensino do apóstolo dos gentios. São quatro capítulos, e teremos quatro leituras, na igreja. Nada melhor do que ter uma síntese da fé cristã perto do final do ano litúrgico.
1Tessalonicenses
Como último texto de epístola neste ano litúrgico (ano A) teremos a Primeira Carta aos Tessalonicenses, que é considerada a mais antiga das cartas de Paulo no Novo Testamento. É um texto muito apropriado para o final do ano, com sua ênfase nos tempos do fim. Cada um dos cinco capítulos termina com uma referência à vinda de Cristo para o juízo final.
É um bocado de Bíblia em um ano! Que mesa farta! Bom proveito – com a bênção de Deus.
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