No desespero esperamos

O que é o homem para que dele te lembres? (Salmo 8.5)

O que é o homem? A pergunta é antiga, respostas esbarram em dificuldades. Não perguntamos o que é o cavalo, o que é o boi, o que é o leão. O homem é mistério de comportamento imprevisível. Fabricamos telescópios e os lançamos ao espaço, enxergamos longe, o número de galáxias já sobe a bilhões. Não estamos presos ao ambiente como as outras espécies, andamos em busca de planetas habitáveis. Quem somos? Sofremos, rimos, duvidamos, erramos, acertamos, cremos, descremos. Somos mistério para nós mesmos. Davi, a quem os limites do homem não estão ocultos, observa a grandeza de Deus, mais elevado que as altas montanhas, maior que o céu estrelado. Davi passa de Senhor a Senhor nosso. O Senhor cuida do universo, o Senhor nosso cuida de nós, sabe quem somos, conhece nossas possibilidades e limites. Diante do Deus infinito, sabemos que somos finitos.

A palavra, que distingue o homem das outras espécies, começa por ensaios rudimentares. O céu e a terra são testemunhos do poder da Palavra. A Palavra que iluminou o universo, torna familiares campos, montanhas, mares, céu e terra. Falar foi a primeira tarefa atribuída ao homem. Deus declarou bonsosnomes dados por Adão aos animais; os nomes não eram científicos – ciência, baseada na observação, é campo de conhecimento recente.  Os nomes inventados por Adão eram bons porque funcionavam, auxiliaram Adão a situar-se no mundo criado. Os nomes inventados por Adão não foram suficientes para desvendar o mistério, mas foi o começo. Pestes passadas foram devastadoras porque ignorávamos os causadores. O vírus covid-19 só deixou de ser invencível quando foi   nomeado. Quando foi identificado, começou a ser combatido com resultados apreciáveis.  Somos imagem de Deus quando falamos, quando damos nomes ao que não tinha nome. A linguagem é o recurso dos recursos para agir.

Os sinais de Jesus encantam crianças, Jesus cita o salmo 8 (Mt 21.16). Cristo limpa a casa de Deus, afasta aqueles que a tinham descaracterizado, sacrifica a vida pelo homem. Crianças aplaudem a grandeza das transformações operadas pela Palavra, origem de todas as palavras. Crianças aplaudem no templo Salvador empenhado em construir outro mundo, de transformar doença em saúde, de converter dor em alegria. No louvor de infantes soa o louvor ao Poder que renova a vida.

Em Jesus se revela o Poder que excede todos os poderes, poder que move a vida e as estrelas. Os avanços a partir de meados do século 20 são espantosos, cuidados com a alimentação, exercícios físicos, vacinas, antibióticos, cirurgias, transplantes aumentam expectativas de vida. Para o Messias não há mal insuperável, o mundo não estagna, agir é transformar.

O louvor vem das crianças, ruídos desarticulados, livre jogo de sons são música inventiva, canto antes do falar articulado. A criança exprime com movimentos do corpo o que palavras não conseguem dizer. Para a criança tudo é distante. Com gritos de alegria a criança ergue braços a corpos distantes, braços levantados para atingir o inalcançável repetem gestos infantis.  Vida perene é presente de Cristo.

O cataclisma de agora nos reduz ao estado de crianças. Procuramos palavras para explicar o que para os que sofrem não tem explicação.  Choramos com os que choram. Na dor dos atingidos vemos a face do Deus que se fez carne para nos redimir. Deus morre com os que morrem, morre para ressuscitar. No mal está a vitória. No desespero esperamos. Mãos solidárias nos fazem fortes.

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