O advento do efeito contágio

Com as investidas contra as escolas do Brasil, os veículos de comunicação, modificaram sua política quando o assunto for noticiar massacres. Sendo assim, imagens, ações e nomes de responsáveis pelos atentados não serão divulgados. O último aconteceu no dia 5 de abril de 2023, em Blumenau, SC. A creche Cantinho do Bom Pastor foi invadida por um homem que, num ato de barbárie, matou e feriu crianças abruptamente. Diante do descortinar de um cenário tão impensado e absurdo, o país e o mundo ficaram atônitos e com medo e, ao mesmo tempo, buscaram respostas para, digamos assim, tentar simbolizar o incompreensível. Contudo, tal violência é o resultado de um fenômeno psicológico chamado de efeito contágio. Ele é o desenlace da rápida e ampla propagação de uma emoção, comportamento ou ideia, conferindo estímulo para os indivíduos que estão inclinados a repetir o mesmo comportamento. Numa perspectiva midiática, o mesmo efeito seria a intensiva transmissão de eventos violentos, isto é, a exposição repetitiva de tais ocorrências confere inspiração para outras pessoas imitarem o algoz original.

Com isso, as redes sociais são fontes potencializadoras do efeito contágio. As disposições informacionais e imagéticas, com grande velocidade, circulam e são compartilhadas entre os internautas, ocasionando uma ampliação do impacto psicológico do evento sobre as pessoas. Além da repercussão psicológica, grupos em mídias sociais dignificam os agressores, ávidos por uma notoriedade doentia, e desconsideram os agredidos. Portanto, a desinformação tendenciosa em palavras e imagens nas redes sociais é um seguro catalisador para ações extremistas em grande escala. Freud (1921) compreendeu as dinâmicas dos processos grupais como concentrações de produções de discursos em largas proporções e de considerada identificação. Na verdade, leitor, Sigmund Freud já anteviu o complexo fenômeno chamado de efeito contágio.

POR UMA EDUCAÇÃO MIDIÁTICA

De fato, é de suma importância refletir sobre os acontecimentos atrozes e suas influências no meio digital. Por detrás de toda e qualquer multiplicação da agressão, seja por imagens ou palavras, está a banalização da violência. A agressividade não pode ser vista como apenas o resultado do viver em sociedade. Pensar assim nada mais é do que um conformismo que destrói toda e qualquer reação contra a banalização da violência. A passividade tão somente incita mais crimes e estimula os criminosos a, pensemos assim, criar um certo distanciamento psicológico, uma diminuição da inibição do ato de prejudicar o outro. É preciso combater os discursos de ódio, acentuar o respeito por entre os seres humanos, aclarar sobre a importância do uso consciente das redes sociais, estimular gestos saudáveis e que promovam o bem-estar do coletivo, etc. Outro aspecto que é indispensável: confiar em Jesus Cristo, avivar sua mensagem salvadora nas mídias sociais, nas pessoas. Sim, leitor, é na Palavra que encontramos uma nova realidade para o efeito contágio: a graça do amor diário do Filho de Deus.

Artur Charczuk
pastor e psicanalista
[email protected]

REFERÊNCIA

FREUD, S. Obras completas – Psicologia das massas e análise do Eu e outros textos (1920-1923). Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias Relacionadas

Igrejas se unem e tocam sinos pelos 200 anos da imigração alemã

Ação proposta pela comissão do bicentenário: badalar os sinos dos templos - ao meio-dia do dia 25 de julho – por 200 segundos

Veja também

Igrejas se unem e tocam sinos pelos 200 anos da imigração alemã

Ação proposta pela comissão do bicentenário: badalar os sinos dos templos - ao meio-dia do dia 25 de julho – por 200 segundos

Igreja de Candelária, RS, celebra os 200 anos da imigração alemã

Palestra e descerramento de placa alusiva marcaram a data

Convite à igreja

Assista ao vídeo da presidente da JELB, Dagmara Abigail...