Quando terminou a travessia do mar Vermelho, o povo hebreu pôde olhar para trás e ver o seu inimigo e opressor completamente derrotado. Moisés, Miriã e todo o povo se alegraram e cantaram glorificando àquele que os libertou (Êx 15.1-21).
Mas o povo ainda não estava na Terra Prometida. Havia um deserto pela frente, com todas as suas ameaças e perigos, que precisava ser atravessado. Deus lhe estava dando todas as condições para fazer aquela travessia em alguns meses. O Senhor estava com ele e se manifestava numa nuvem, durante o dia, e numa coluna de fogo, durante a noite. Deus havia colocado Moisés e Arão como líderes do povo e, por meio deles, operava sinais e maravilhas quase que diariamente. Para que o povo pudesse fazer a vontade de Deus, ele lhe entregou a sua lei.
Cerca de seiscentos mil homens, com suas famílias (Êx 12.37), haviam sido libertados e caminhavam para a Terra Prometida. No entanto, as dificuldades e as provações do deserto levaram o povo a murmurar contra Moisés e contra Deus. A incredulidade, a rebeldia e a desobediência o levaram ao cúmulo de criar e adorar um bezerro de ouro (Êx 32.1-10).
E a consequência foi que, daquela multidão, apenas Josué e Calebe entraram na terra prometida. O restante daquela geração peregrinou e pereceu no deserto (Nm 32.12,13). Infelizmente, muitos não usufruíram dos benefícios que a Páscoa do Antigo Testamento já lhes havia assegurado.
Vivemos uma realidade semelhante àquela que viveu o povo hebreu. Quando, no alto da cruz, Jesus exclamou “está consumado!”, ele estava anunciando ao mundo que a salvação já está conquistada e disponível a toda a humanidade. E quando ressuscitou, ele testificou que os nossos terríveis inimigos – o diabo, o pecado e a morte – já estão derrotados. Por isso, junto com toda a cristandade, podemos cantar e exaltar a vitória do Cordeiro de Deus.
No entanto, ainda não estamos na Nova Jerusalém. Há um deserto a ser percorrido, e ainda estamos sujeitos às tentações e provações nessa caminhada. Agora Deus não está mais com o seu povo numa nuvem e numa coluna de fogo, mas está presente através dos meios da graça – a sua santa Palavra e seus santos sacramentos: batismo e santa ceia. E mais: ele enviou e deixou conosco o seu Santo Espírito, o qual age em nós através dos meios da graça. O seu povo também não conta mais com a liderança de Moisés e Arão, mas conta com o pastoreio dos milhares de pastores que Deus chama e envia para apascentar as suas ovelhas; e ele ainda envia os seus anjos para guardá-lo e protegê-lo.
Hoje, o povo de Deus que caminha para o céu é formado por milhões, talvez bilhões de pessoas em todo o mundo. Jesus foi na frente e nos garantiu que foi preparar um lugar para cada um de nós no céu. A pergunta que precisamos fazer é: Como está a nossa relação com Deus e com a sua igreja nessa caminhada? Em 1Coríntios 10.9-12, o apóstolo Paulo, lembrando o que aconteceu com os hebreus no Antigo Testamento, nos admoesta, dizendo: “Não ponhamos Cristo à prova, como alguns deles fizeram e foram mortos pelas serpentes. Não fiquem murmurando, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador. Estas coisas aconteceram com eles para servir de exemplo e foram escritas como advertência a nós, para quem o fim dos tempos tem chegado. Por isso, aquele que pensa estar em pé veja que não caia”.
A Páscoa nos assegura que a nossa salvação já está conquistada, mas ela também nos lembra que ainda não estamos no céu. Por isso, cuidemos da nossa fé e da nossa vida de santificação. E dessa forma tenhamos uma feliz Páscoa!