Entre os feitos da Reforma liderada por Martinho Lutero, no século 16, está a aproximação das pessoas da Teologia, também através da música. Confira a entrevista realizada com o músico Rodrigo Bloch, que gravou e disponibilizou na internet músicas do Hinário Luterano.
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Você acha que gravar e disponibilizar as músicas dos hinários que temos na Igreja Luterana, ajudou as pessoas nesse período de isolamento e distanciamento social?
A pandemia exigiu que a igreja se adaptasse, sempre com o objetivo claro de levar Palavra de Deus para todos, palavra consoladora e de esperança. A possibilidade de ver e ouvir cultos, estudos bíblicos, lives de louvor e outras tantas atividades que nossa igreja proporcionou para as pessoas, mesmo num período de isolamento social, foi fundamental para lembrá-las de que elas não estão sozinhas, mesmo distantes fisicamente.
Com a música não foi diferente; as novas tecnologias nos dão opções incríveis para levar a Palavra de Deus através da música, e nós, como igreja, precisamos estar lá também. Podemos ouvir no carro, nos celulares, nos fones de ouvido, nas devoções com a família em casa, em qualquer situação e em qualquer lugar, e não mais apenas nos dias de culto.
Ver que as pessoas estavam/estão mais frágeis, sensíveis e receosas com enfermidades é uma oportunidade de trazer o evangelho consolador através da música?
Todas as oportunidades são válidas para falar do amor de Deus. Mas, sem dúvida, nesse período tão complicado, com tantas tristezas, incertezas, a nossa música pode ser uma ferramenta maravilhosa para falar sobre o amor de Deus através de Jesus Cristo, que levou todos os nossos pecados na sua morte de cruz.
E também anunciar que na vida eterna todas as dores e sofrimentos irão passar, como na música No céu eu não vou chorar: “É difícil de acreditar, o coração nem sempre vence a razão, todas as tristezas vão cessar; a verdadeira vida vai começar”. Cantar essa música, por exemplo, não é uma forma excelente e de fácil compreensão para levar essa palavra consoladora a todos nós? Acredito que sim!
De que forma o período que estamos vivendo influenciou ou interferiu na composição de músicas/arranjos ou na escolha de repertório?
Nossas experiências são um fator muito importante e que pesa muito nas nossas decisões e também na nossa criatividade. Muitas vezes, usamos a música para expressar nossas emoções. Passar por esse período, possivelmente afetou todos de uma forma ou de outra, seja na escolha de repertório ou nas próprias composições.
As músicas também auxiliaram as congregações que, no início da pandemia, não tinham muitos recursos de gravação de cultos, ou quando era mais difícil reunir os grupos de louvor. Para você, essa também foi uma forma de colocar seus dons a serviço do Senhor?
Esse foi um dos objetivos principais das gravações. Auxiliar nossos pastores para a montagem dos cultos e estudos. É uma grande alegria poder auxiliar nesse trabalho, afinal, nada mais gratificante do que cooperar com a missão que Deus nos ordenou, através dos nossos dons e estudos, sejam eles quais forem.
Lutero, entre tantas outras coisas, colocou letra cristã em músicas populares. Você acha que essa também foi uma forma de evangelizar?
O objetivo principal sempre é o de levar a Palavra de Deus e de que ela seja compreendida pelo povo. Se pensarmos na enorme diversidade de estilos, timbres, ritmos, instrumentos, e que, muitas vezes, caracterizam diferentes grupos sociais, nada mais correto do que nos adaptarmos ao meio onde estamos.
Lutero nos ensinou isso quando popularizou as músicas na igreja. A Palavra de Deus nunca muda, mas a forma de levarmos essa palavra pode e deve ser pensada, para que todos possam entendê-la de forma clara. Muitas vezes, abrimos mão de gostos pessoais ou opiniões com base em experiências próprias, mas sempre pensando no coletivo e nas características do grupo onde estamos inseridos.
Acesse aqui o canal com as músicas gravadas por Rodrigo Bloch.