Quando o Teodoro começou a usar esta expressão, eu achei tão bonito e interessante ele ter aprendido esse termo tão cedo, aos 4 anos de idade.
Esses dias, no carro, voltando do colégio, ele falou novamente a frase, só que tinha um outro tom, algo diferente ficou no ar. E, após falar, ele me perguntou: “Mamãe, por que você sempre fica tirando as palavras da minha boca e eu nunca tiro as palavras da sua?”
Aquela pergunta carregava um sentimento com a necessidade de conversar mais sobre ele. Então perguntei: “Você fica chateado quando a mamãe tira as palavras da sua boca?”
Ele disse: “Sim”.
Aí, me dei conta de que volta e meia acabo completando as frases que ele começa, e quando estamos conversando em família, junto com meu marido, com o filho mais velho, a gente conversa de forma mais acelerada. E, ele, ainda pequeno, precisa de mais tempo para organizar as ideias, formular as palavras que ele quer comunicar.
Reconhecendo o meu erro, disse: “Filho, desculpe a mãe, eu realmente falo muito rápido, às vezes, e vou procurar cuidar para não tirar mais as palavras da sua boca. Vou esperar que você fale, que consiga dizer o que você quer, no seu tempo, está bom?” Seguimos, e ele ficou satisfeito com o nosso papo.
Em tempos de conversas aceleradas, de áudios duplicados no Whatsapp, de vídeos curtos no Youtube, fico me perguntando até que ponto nós, adultos, mesmo entre nós, não ficamos tirando as palavras da boca dos outros, completando as frases com impaciência, desacostumados a ouvir de forma atenta e respeitosa; tiramos conclusões precipitadas apenas com o título de uma matéria, sem ler o texto completo; achamos que sabemos o que está na Bíblia, mas confundimos ditados populares com versículos.
Essa conversa com o Teodoro me fez parar e refletir sobre como é mesmo importante, na comunicação, não apenas falar, mas saber ouvir. Habilidade essencial, destacada na Palavra de Deus, por exemplo no livro de Tiago 1.19, onde está escrito: “Cada um esteja pronto para ouvir, mas seja tardio para falar e tardio para ficar irado.”
Essa é mais uma história que mostra o quanto aprendemos com nossos filhos, com as crianças. Afinal, meu pequeno teve coragem e jeito para questionar algo que o estava incomodando. E vai dizer que você já não teve a amarga experiência de falar com alguém tendo a impressão de que a pessoa estava querendo acelerar a prosa, ou não estava nem aí para o que você dizia, esperando apenas uma brecha para voltar a falar? Aprendendo com meu filho, compartilho esse ensinamento com você também. Ter paciência para ouvir é tão valioso quanto saber qual a hora certa de falar e como falar.
Que não tiremos as palavras da boca dos outros, mas, após ouvi-las, e buscando compreendê-las da melhor maneira (o que é outro desafio e rende um novo texto), que consigamos nos comunicar da melhor forma com as pessoas que convivem conosco, principalmente com aquelas que nos têm como referência.
*Assista a esta mensagem, em vídeo, no canal Youtube.com/AlineKoller