A PALAVRA entra na história da humanidade

Em 70 caem os muros de Jerusalém, o exército romano arrasa a cidade. Qual é o centro religioso agora que a cidade santa é um amontoado de pedras? Que será de nós? A pergunta inquietou e inquieta, ouvintes de Jesus lembram que o Messias tinha declarado que o reino de Deus está dentro de cada um dos que creem.

Circulavam as cartas de Paulo e de alguns dos discípulos de Cristo, florescia a tradição oral, candidatos ao batismo demandavam informações seguras, o registro das palavras e dos feitos de Jesus se tornava dia por dia mais urgente. Surgem os evangelhos, Marcos é o primeiro dos que foram incorporados ao Novo Testamento. Para Marcos, o batismo é o momento decisivo, instante que consagra Jesus como Messias destinado a congregar todos os povos.

Mateus começa em Abraão, aproxima Gênesis e a literatura epistolar paulina, na Carta aos Romanos Paulo deu a Abraão caráter universal, Mateus começa a genealogia aí, lugar do pacto do representante da humanidade com Deus. O evangelista não se preocupa em fazer levantamento completo, o gerado pode ser filho distante do gerador, destacar personagens de conduta reprovável não inquieta Mateus, o Senhor realiza projetos seus apesar dos erros cometidos por homens. A presença de outras etnias na linhagem universaliza a presença divina. Cristo não apareceu de repente. O Senhor é o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, os evangelistas trazem a genealogia até ao nascimento do Messias.

Lucas se dirige a pessoas de muitas nações, foi discípulo de Paulo, apóstolo que chama não judeus ao povo de Deus, Lucas considera leitores não familiarizados com a literatura judaica, centraliza a origem da genealogia em Adão, pai da humanidade; a humanidade inteira procede das mãos criadoras de Deus. Esta é a linhagem de Cristo, segundo Adão, o homem incorporado em Cristo é novo homem.

João, leitor de Marcos, Mateus e Lucas, eleva a genealogia a Deus. O último dos evangelistas situa a Palavra, origem de todas as palavras, no próprio Deus, instrumento de reflexão e de propagação da mensagem é a palavra. A Palavra soou primeiro em Deus, a Palavra torna visível o Deus invisível; através da Palavra, Deus ilumina o Universo, a Palavra se fez carne (sarx), brilhou em Jesus, entrou na história da humanidade. Pessoas que viviam sem Deus, sem esperança, ganham o futuro que não tinham.

As genealogias dos evangelistas unem-se numa única; de uma geração a outra a vida se renova. Contra desvios e morte, o coroamento das gerações é Cristo, vida da vida. A genealogia passa por acertos e erros, encadeia acontecimentos, da geração extinta nasce nova geração para novos cometimentos, a genealogia é história vivida. A genealogia centraliza uma sequência de revelações, de Adão a Cristo, de Cristo até o último dia. Andar na Palavra é andar na verdade. De Jesus procede o homem renascido. A genealogia do povo de Deus atravessa viva a tortuosa história de todos.

Com o nascimento de Cristo, a genealogia ilumina passado e futuro. O sangue que irriga veias e artérias da genealogia universal abre o sorriso do Menino de Belém. A genealogia passa por nós, o advento de Cristo acontece em nós. O reino de Deus não é deste mundo, mas atua neste mundo, combate a injustiça, a opressão, a dúvida, propaga a alegria de viver.

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