E a comunhão…?

Costumamos romantizar algumas situações, e com “romantizar” quero dizer que tendemos a transformar, de acordo com o interesse, algumas situações terríveis em algo honroso, em algo de valor, e até algo desejável por si só. Assim muitas guerras foram vendidas como um objetivo de vida e muitos compraram a ideia da aventura, da nobreza, da necessidade, da coragem e do desafio, mas quando chegaram lá, viram o horror, o pavor, o ódio e a morte estampados nos olhos de quem matou e morreu.

Estamos em guerra contra uma doença terrível que já tirou a vida de milhares de pessoas. Deram-nos como armas álcool, máscaras, isolamento e distanciamento. Pintaram e propagandearam atos de heroísmo como, por exemplo, conseguir ficar isolado. Necessário? Sim! Um grande objetivo de vida? Não! Quiséramos nunca ser necessário esse objetivo e nem ter que lutar essa guerra.

As consequências terríveis dessa guerra estão aí! Quantos avós e netos sem o abraço, quantos sepultamentos sem despedida, quantas famílias sem reunião, quantos amigos sem confraternização, quantos irmãos e irmãos sem a comunhão do abraço, e quantas lágrimas não acolhidas por ombros amigos.

Escrevemos uma carta, mandamos mensagens, um áudio, um vídeo, um telefonema, por quê? Porque não podemos estar presentes, porque se pudéssemos estaríamos. Reconhecemos que todos esses recursos são uma bênção, mas são paliativos de uma situação que nem de longe é a ideal; o que me leva a uma preocupação: e quando pudermos estar juntos, presencialmente, vamos estar? Faço essa pergunta por medo, medo de que nos acostumemos com a solidão, medo de que nos distanciemos ainda mais, medo de que achemos que esse é o padrão e o ideal. Medo de que por causa de nossas dificuldades de convívio, excesso de críticas em relação ao outro, dificuldade de perdão, dificuldade de aceitação do outro, achemos que é melhor assim, menos olho no olho, menos estar juntos e menos convívio.

Dentro da igreja cristã, sabemos da importância da comunhão, de um dar suporte ao outro, de um ajudar o outro a caminhar, de ter no outro a oportunidade de exercitar a nossa fé e o amor. É como diz o salmo 133.1 – “Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como se todos fossem irmãos”. Ou como nos declara o livro de Eclesiastes 4.9,10 – “É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais. Se uma delas cai, a outra a ajuda a se levantar”. Não podemos negar que o cristão precisa e quer a comunhão; eu preciso me ver no outro para melhorar e crescer; outros irmãos e irmãs em Cristo precisam de mim porque enxergamos no outro a oportunidade de servir ao nosso Deus em amor.

Aprendemos alguma coisa com a pandemia? Sim, aprendemos que pela fé fazemos parte da igreja de Cristo, e, por isso, estamos em comunhão com os nossos irmãos, seja numa ilha deserta ou numa igreja lotada. Aprendemos que o exercício dessa comunhão é possível sem o presencial, sem o abraço e o carinho, mas que essa situação está longe do ideal. Aprendemos que, por amor ao próximo, precisamos nos cuidar e cuidar do outro, e que estamos numa guerra, mas que seria bem melhor não estar. Aprendemos que a tecnologia permitida por Deus foi valiosa para o encontro, mas a presença do outro com tudo o que ele é e com tudo o que eu sou não tem preço. Aprendemos que precisamos da ação do Espírito Santo para nos manter na fé, na união e no amor, aguardando o momento do reencontro.

Que Deus abençoe cada irmão e irmã em Cristo, vamos manter o contato, o carinho e o amor, e vamos sempre lembrar como é bom estar com o Senhor e com todos os irmãos em Cristo.

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