Lembro que, há algum tempo, havia um quadro, em um famoso jornal, chamado de “O Chefe Secreto”. A ideia do quadro era de que os grandes chefes e administradores de gigantescas multinacionais se tornassem como um simples funcionário. Lá, no chamado “chão de fábrica”, claro, cheios de disfarces para não serem reconhecidos. Ao invés do confortável ar condicionado da sala de administração, eles precisariam experimentar o trabalho pesado e braçal de seus colaboradores.
Disfarçado, o grande chefe conheceria melhor sua equipe. Os sonhos. As dificuldades. Histórias sobre as famílias dos empregados. O mais interessante de tudo era quando o chefe, até então disfarçado, revelava sua identidade aos empregados. Alguns ficavam sem reação. Outros, espantados. Chocados. Constrangidos. Mas, no fim, percebiam a grandeza daquele ato: o chefe, que era conhecido apenas através de fotos ou vídeos, tornou-se um deles. Pelo menos, por um dia de trabalho. Ao invés do terno de grife, um macacão suado.
E aí você me pergunta: “Tá, mas, e o que isso tem a ver com o Natal?” Calma aí, já explico. Neste final de semana, as igrejas cristãs celebrarão o nascimento de Jesus sob o tom de um texto que não conta a narrativa do presépio em si. Mas que aponta para o que estava acontecendo naquela humilde manjedoura. O texto é o de João 1.14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
Na manjedoura, Deus se fez um de nós. O Verbo, com V maiúsculo mesmo, se fez carne. O Verbo que estava lá em Gênesis 1.1, dando início à criação. O Verbo que é Deus desde a eternidade. O Verbo que esmagaria a cabeça da serpente. O Verbo que nasceria da virgem, sob o tom de Emanuel. O Verbo que iria à cruz, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Este Verbo se fez carne. Em Jesus, Deus habitou entre nós. Não com nossas culpas e pecado, mas com sua santidade divina veio justamente para pagar a nossa conta. Neste Verbo que se fez carne, há perdão pleno e salvação a todo o que nele crê.
Lembram do quadro “O Chefe Secreto”? Guardadas as devidas proporções, ele nos faz lembrar do que aconteceu no Natal. Deus desceu do céu e veio à terra. Ao invés da glória e do trono excelso, a nossa vida. O menino nascido em Belém enfrentou fome, sede, tristezas, aflições e o pior sofrimento de todos. O abandono na cruz. Bebeu da ira de Deus. Eis o plano da salvação do SENHOR. Para mim. Para você. Creia!
Então, fica a dica: no Natal, Deus se fez um de nós, “cheio de graça e de verdade”. Que conforto é celebrar o Natal cristão. O Natal do Verbo que se fez carne assegura que Deus conhece nossas vidas, histórias, amores e aflições. E, por nós, tem amor e misericórdia. O Verbo se fez carne. Deus se tornou um de nós. Para nossa salvação. Eis o Natal da graça e da verdade.
Bruno Serves
Pastor em Candelária, RS