Novembro nos proporciona duas datas interessantes. Porém, um tanto quanto contraditórias. De um lado, o Dia de Ação de Graças. Tempo de desacelerar, refletir, colocar na balança as inúmeras bênçãos. De outro lado, a agitação da Black Friday. Filas e atropelos pelos corredores das grandes lojas. Plantão e atenção nos grandes sites aguardando a promoção relâmpago. Oficialmente, conforme o calendário, iremos dormir na quinta-feira de Ação de Graças, dia 24, e acordar na Black Friday, dia 25.
Mesmo que essas datas nos apontem um certo paradoxo, ainda assim, é possível conectá-las. No Dia de Ação de Graças, podemos louvar por uma Black Friday. Antes que as conexões neurais nos induzam para uma eterna gratidão por excelentes descontos e pechinchas da Black Friday, convido-o a viajar no tempo. A mergulhar na grande black friday da história. E louvar não por um descontinho, mas por uma conta que foi paga. Completamente quitada!
Viajemos a uma sexta-feira diferente de todas as outras. A criação se revestiu de escuridão. “Mais ou menos ao meio-dia o sol parou de brilhar, e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde”, nos relata Lucas 23.44. Não por acaso. O Verbo criador, que se tornou carne, estava crucificado. Deus na cruz. Humilhado. Debochado. Ensanguentado. Tratado como um criminoso de repúdio à sociedade. Porém, inocente. Santo. Poderoso. Digno. “Estava sendo castigado por causa das nossas maldades”, já havia profetizado Isaías a respeito dessa cena. E, do alto da cruz, o Cristo profere o veredito final: “Tudo está completado!” (Jo 19.30). Tetélestai! A dívida está paga! Está consumado! “Deus perdoou todos os nossos pecados e anulou a conta da nossa dívida, com os seus regulamentos que nós éramos obrigados a obedecer. Ele acabou com essa conta, pregando-a na cruz” (Cl 2.13-14).
Na Sexta-Feira Santa, a grande black friday. Tão pesada. Que escancara o tamanho da culpa e os horrores do pecado. Tão graciosa. Que aponta para a graça e o amor de Deus em quitar a dívida e oferecer este perdão a mim e a você. Sexta-feira que já nos lança para o amanhecer do mais doce Domingo de Páscoa. O crucificado fora ressuscitado. E, com o coração mergulhado neste núcleo da fé cristã, não há como não viver intensamente o Dia de Ação de Graças. Não é mesmo?
Aliás, tudo isso nos lembra de que o Dia de Ação de Graças precisa ter um endereço para o nosso louvor. Não é um dar graças ao universo. Ou às forças misteriosas da natureza. Ou à vida! Tão pouco a uma estátua carregada por multidões. O salmo 136 reforça o endereço do nosso louvor: “Deem graças a Deus, o SENHOR, porque ele é bom; o seu amor dura para sempre”. Damos graças ao Deus marcado pela cruz. Um Deus tão esplêndido e misericordioso que até mesmo o nosso dar graças é resultado da sua ação em nosso coração. Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Damos graças porque ele nos envolveu com seu amor.
Aproveite o destaque que novembro nos dá para o Dia de Ação de Graças. Resgate os grandes feitos do SENHOR por você, sua família, sua congregação. Porém, acima de tudo, que esta data nos fortaleça na black friday marcada pela cruz. Nada de descontos ou pechinchas. Tudo, absolutamente tudo, foi pago. Graças a Jesus. “Aleluia! Louvem a Deus no seu Templo. Louvem o seu poder, que se vê no céu” (Sl 150.1).