A disciplina de mestrado “O surgimento de uma Tradição Cristã: uma apreciação histórico/teológica da continuidade e descontinuidade entre passado e presente foi apresentada pelo professor Francis Dietrich Hoffmann, via Google Meet, entre os dias 13 de março e 26 de junho. Participaram das aulas 19 alunos de diversos lugares do Brasil e do continente americano, tais como Canadá, México, Venezuela e Paraguai.
A reflexão acerca da tradição cristã foi abordada a partir de seus princípios, a saber, da teologia que fundamenta as práticas percebidas na igreja e nas atitudes de indivíduos cristãos. A razão para isso é que tradição não deve ser entendida somente como práticas recebidas, mas também como ensino recebido. Em outras palavras, o termo tradição também pode significar a transmissão de um ensino. Paulo, por exemplo, recebeu o ensino sobre a Santa Ceia e o transmitiu como tradição (1 Co 11). As aulas foram ministradas com este conceito paulino de tradição.
Dado este princípio norteador, o professor explicou que a disciplina trabalhou com a ideia de que, quando falamos da primeira vez em que um ensino cristão foi transmitido, estamos falando do surgimento de uma tradição cristã. O ensino que mais foi abordado nas aulas foi o ensino sobre a pessoa e a obra de Cristo, mas também houve conteúdos sobre liturgia, hinologia, Trindade, dentre outros temas importantes do ensino cristão.
Segundo o professor, o mestrado destacou ainda que o movimento de transmissão não parou quando a primeira geração de cristãos transmitiu o ensino recebido de Cristo à segunda geração de cristãos. “Na verdade, este é um processo que continua por gerações até chegar ao nosso tempo. Esta transmissão tampouco é linear porque ela passa por espaços geográficos diferentes, correntes de pensamento diversas e formas de transmissão distintas”, observou Francis.
Diante destas importantes considerações acerca da tradição da igreja, o prof. Francis destacou que é preciso ainda notar que cada geração percebe esta transmissão usando elementos de seu tempo para interpretar aquilo que lhe foi transmitido. “Seria uma ilusão pensar que a igreja olha para esta transmissão de modo desinteressado. Na verdade, cada geração olha para o passado e se pergunta sobre o que continua sendo preservado e o que não. Neste processo, a igreja faz uma diferença entre aquilo que lhe é essencial e aquilo que é secundário”, pontuou.
A disciplina foi uma proposta de olhar para a igreja antiga perguntando sobre continuidade e descontinuidade. “Isto é, perguntamos à igreja antiga o que ela compreendeu como essencial a ser transmitido como sua tradição a fim de melhor compreender e melhor avaliar o que chamamos hoje de tradição cristã. Houve ainda um enfoque importante na Reforma e na história moderna e contemporânea”, concluiu.