Minhas experiências de vida na fé

Conheça a história de Eliza Ehlert Bierhals na luta contra o câncer

Sou Eliza Ehlert Bierhals, do interior do município de Canguçu (Iguatemi), da comunidade São Paulo, Capão Bonito, RS, onde o nosso pastor é Alexandro Karow. Sou casada com Emerson Bierhals e temos uma filha, a Emili.

Quero compartilhar um pouco da minha história de luta com vocês. Em agosto de 2008, descobri que estava com um câncer no sistema linfático (linfoma de Hodgkin). Nossa filha estava com apenas oito meses, e iniciei uma batalha contra a doença. Fiz 12 ciclos de quimioterapia e 20 sessões de radioterapia, na cidade de Pelotas, RS, no Hospital Escola da Universidade Federal – FAU. Depois de vários exames e consultas, foi constatado que a doença tinha sido eliminada, em setembro de 2009.                

Durante o acompanhamento com a hematologista, um exame de rotina, em agosto de 2014, mostrou que a doença voltou. Passei, então, por um processo de quimioterapia mais agressivo, o que diminuiu a minha imunidade, e por isso tive que fazer várias transfusões de sangue e plaquetas, com muitos dias de internação no hospital da FAU. Na continuação      desse processo, fui encaminhada ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre para a realização de um transplante autólogo (onde a minha própria medula foi tratada e recolocada). Esse transplante aconteceu em agosto de 2015, quando fiquei internada por um mês no Hospital de Clínicas. 

Ficou tudo bem, eu estava levando uma vida tranquila, mas em agosto de 2019, novamente a doença reativou. Dessa vez, o medo e angústia foram maiores, pois eu já tinha passado por vários tratamentos.

Começamos novamente uma batalha, fazendo três ciclos de quimioterapia, internada no hospital da FAU, muitas transfusões de sangue e plaquetas e imunidade comprometida. Fui encaminhada novamente ao hospital de Clínicas de Porto Alegre, e a equipe da hematologia decidiu que eu teria que fazer um transplante alogênico (medula de outro doador). Meus pais fizeram o teste e deu 50 por cento de compatibilidade; meu irmão, 25 por cento, não havendo, assim, compatibilidade na família. Fui encaminhada para a lista do REDOME (Registro Brasileiro de Doadores de Medula Óssea), em busca de alguém compatível. Foi bem difícil e frustrante, mas sempre tive esperança de que alguém iria aparecer. Para a minha alegria, em julho de 2021, num dia de muito frio e vento em Canguçu, recebi a ligação da médica do Hospital de Clínicas dizendo que foi encontrada uma medula cem por cento compatível, e esta pessoa estava disponível a fazer a doação. Essa notícia foi maravilhosa! Aí entrei na lista do transplante não aparentado, esperando por um leito no hospital, o que      levou mais um longo tempo, pois, devido à pandemia, tudo estava mais complicado.

Passei assim a fazer imunoterapia na cidade de Pelotas, a cada duas semanas, a fim de me levar até o transplante, resultando em 57 seções. No dia 13 de dezembro de 2022, fui chamada para a internação em busca de uma nova vida, deixando minha família e nossa filha, pois meu esposo veio comigo. Processo difícil, mas necessário.                                                

Internada para o transplante, passei por mais quimioterapia e radioterapia para receber a medula do doador, que embora não me tenha sido revelado, sou eternamente grata a Deus e a essa pessoa. A minha alimentação passou a ser por sonda, pela dificuldade de me alimentar. O transplante foi realizado no dia 22 de dezembro de 2022, mesmo dia da formatura da nossa filha no Ensino Fundamental. O procedimento foi tranquilo, mas a partir daquele momento o risco de qualquer infecção era grande; houve dias bem difíceis, mas deu tudo certo. No dia 13 de janeiro, após o meio-dia, fui surpreendida por toda a equipe médica e de enfermagem entrando no meu quarto cantando parabéns e com um bolinho para mim. Foi o dia da confirmação da “pega” da medula (dia do meu novo aniversário). Dias depois, fiz uma biópsia de medula, a qual confirmou cem por cento da pega.   

Ficamos internados 49 dias em total isolamento. O dia da notícia da alta foi muito especial, mas não poderíamos voltar para a nossa casa em vista da distância ser muito grande. Então alugamos um apartamento para que, em caso de intercorrências, estivéssemos o mais próximo possível do hospital, isso por um período de seis meses pós-alta. Mas graças ao bondoso Deus, deu e continuará dando tudo certo.         

Depois da alta do Quinto Sul (setor do hospital onde foi realizado o transplante), passamos para o hospital dia, que é a continuação do pós-transplante. No início, íamos ali três vezes por semana para fazer exames, consultas, soro e aplicar alguns nutrientes que a medula ainda não produzia; com o passar do tempo, passamos a ir menos, visto que a medula já estava produzindo o necessário.                                                

Agradecemos a toda equipe médica do Quinto Sul do Hospital de Clínicas, à enfermagem, e à assistência social por todo o cuidado e atenção. À minha doadora, que o bondoso Deus lhe conceda as mais ricas bênçãos, que só ele pode dar. Gratidão ao pastor Alexandro Karow, por todo o apoio, aos departamentos de servas e leigos de nossa comunidade, a todos os amigos e, principalmente, à minha família, por cada oração dirigida a Deus em nosso favor. Para Deus nada é impossível, persista na fé e no conforto que só ele pode dar. E, se por um acaso, você tem alguma pessoa na família enferma, apoie e confie, pois isso é fundamental.

E a tão esperada notícia de poder ir para casa chegou, no dia 17 de junho de 2023, num dia de muito frio, foi dia de partir para o reencontro com a minha família. Quanta saudade, alegria e gratidão! Continuo fazendo exames e consultas seguidamente, e, graças a Deus, está dando tudo certo; ainda preciso de cuidado por estar com a imunidade comprometida, mas tudo tem seu tempo.

“Tu, ó Deus, és o nosso poder glorioso, por tua bondade, nos fazes vencer” (Sl 89.17 – NTLH).

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