Miriam Raquel Wachholz Strelhow
Psicóloga, professora e pesquisadora na área do Desenvolvimento Humano
O mês de setembro ganhou destaque especialmente a partir de 2013 como um mês de prevenção ao suicídio. Durante todo o mês, o tema da saúde mental tem sido lembrado através de campanhas e movimentos em diferentes formatos.
Em artigos anteriores, foram tratados aqui temas como depressão, comportamentos de risco e a importância de quebrar preconceitos sobre a saúde mental. É muito importante lembrarmos que esses são temas que precisam ser cuidados em todas as fases da vida. Não é um assunto que atinge apenas os adultos. Diversos índices têm nos apontado para um aumento de problemas relacionados à saúde mental em crianças e adolescentes nos últimos anos.
A partir do período da pandemia de Covid-19, esse aumento, que já estava acontecendo, ganhou ainda mais força. Profissionais da saúde, da educação, e as famílias, têm percebido cada vez mais demandas relacionadas com ansiedade, depressão e outras questões de saúde mental.
Segundo o relatório Situação Mundial da Infância 2021, estima-se que quase um em cada seis crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos no Brasil viva com algum transtorno mental. Essas crianças e adolescentes estão mais expostos ao risco de automutilações, depressão e suicídio.
O que podemos fazer?
É muito importante que todos nós (família, amigos, escola, igreja) estejamos atentos às crianças e aos adolescentes com os quais convivemos, buscando cuidar e olhar para as suas necessidades emocionais. Precisamos ouvi-los e estar abertos a acolhê-los, e nos aproximarmos para que esse cuidado possa acontecer. É muito comum que pensemos ser “coisas de criança” ou “exageros de adolescentes” e acabarmos deixando passar sinais de alerta.
Alguns sinais de alerta: mudança brusca de comportamento; irritabilidade; tristeza duradoura; falta de ânimo para realizar atividades que normalmente davam prazer; isolamento; queda no rendimento escolar.
Algumas atitudes podem auxiliar na prevenção e na promoção de saúde mental das crianças e dos adolescentes:
- Investir na formação de vínculos fortes e seguros, para que as crianças e os adolescentes se sintam amados, acolhidos e saibam com quem podem contar. Atitudes que podem auxiliar nisso: estar presentes de fato, com atenção e conexão uns com os outros; dedicar tempo ao outro; buscar ouvir com atenção, sem críticas e julgamentos antecipados; reforçar o afeto; ter momentos de diversão em conjunto.
- Valorizar as emoções: falar sobre as emoções; ajudar as crianças desde bem pequenas e também os adolescentes a entender e dar nome àquilo que sentem. Não menosprezar os sentimentos.
- Cuidados com a rotina: horas de sono necessárias para o descanso; alimentação saudável; atividades físicas; sempre que possível, passeios ao ar livre e contato com a natureza.
- Cuidados com o uso das tecnologias: atenção ao acesso, especialmente, à internet. Muitas crianças e adolescentes têm passado muitas horas em contato com conteúdos diversos, com os quais muitas vezes eles não sabem e nem conseguem lidar. Além disso, durante o tempo em que estão conectados, deixam de fazer outras atividades importantes como as mencionadas acima.
- Formação de redes: todos nós precisamos estabelecer relações saudáveis com outras pessoas. Auxiliar para que as crianças e adolescentes tenham amigos e possam valorizar essas amizades.
Famílias, escola e grupos dos quais crianças e adolescentes fazem parte, como a igreja, precisam estar juntos nesse cuidado. Crianças e adolescentes também podem encontrar através da fé e do convívio na igreja espaço de acolhimento e conforto.
Esteja atento também à saúde mental das crianças e dos adolescentes! Se sentir que algo não vai bem, procure ajuda! Nunca é cedo para cuidar da saúde mental.
[…] Wachhol. Saúde mental de crianças e adolescentes. Mensageiro Luterano, 2023. Disponível em: https://mensageiroluterano.com.br/artigos/saude-mental-de-criancas-e-adolescentes/ . Acesso em: 26, setembro de […]