“O biso (bisavô) era um homem de Jesus?” Sim, meu filho, respondi ao Teodoro, mês passado, na hora de dormir. “Então por que ele não pediu para ficar?” Porque o céu é um lugar tão melhor que, quando Deus chama, bom mesmo é estar lá.
Meu filho, de 4 anos, continuou confuso, assustado e começou a chorar. Ao seu lado, na cama dele, eu busquei responder às indagações da forma mais positiva e animada possível.
Tentando acalmá-lo, combinei que quando nós dois estivéssemos no céu, faríamos uma corrida, voando entre as nuvens… ele gostou da ideia, aos poucos o soninho foi chegando e ele adormeceu. Nesse momento, as lágrimas começaram a escorrer no meu rosto, voltei no tempo e me lembrei de quantas madrugadas eu chorei, de soluçar, com medo de morrer, de perder alguém da família, de não nos reconhecermos no céu (algo que ouvi de um pastor na aula de religião e que foi um verdadeiro trauma de infância para mim).
Tantas vezes fui consolada pelos meus pais, e agora eu me encontro nesse papel de acolher, ouvir, consolar, falar sobre o céu. E não é tarefa fácil. São tantas dúvidas…
“Nunca mais poderemos voltar para cá?”, “Vou poder jogar futebol?”, “O que vai acontecer comigo se vocês morrerem?”, “Como você diz que seremos livres, se as pessoas ficam presas numa caixa quando morrem?”, “Os bandidos também vão para o céu?”, essas são só algumas das perguntas que meu marido e eu já respondemos ao nosso caçula, neste ano.
Não entendemos que essas perguntas são bobas, e muito menos respondemos com algo do tipo: “Que bobagem, meu filho…”; “Deus me livre falar sobre isso”. Afinal, tem muito adulto que não sabe ao certo o que esperar além da vida aqui. Mesmo nós, cristãos, ficamos nos questionando, temendo que a data chegue antes do “aceitável”. É como uma música em inglês que fala: “Todos queremos ir para o céu, só não queremos ir agora”.
A morte nos causa medo, incerteza. Porém a Bíblia nos fala sobre o que é necessário saber. Jesus é o caminho, quem crer nele será salvo; só Deus sabe a nossa hora; e o céu será um lugar infinitamente melhor, onde não haverá pranto e nem dor. Imagino que, se soubéssemos de tudo, ficaríamos aqui no mundo só querendo chegar lá o quanto antes, sem aproveitar as bênçãos e os desafios terrenos. Assim, vamos aproveitando os dias que temos, sem nos apegarmos demais, nos preparando e tentando conversar da maneira mais natural e franca possível. Nesse quesito, aprendemos muito com os pequenos! Jesus mesmo falou aos discípulos que não queriam deixar as crianças chegarem perto dele: “Em verdade lhes digo: ‘Quem não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele’” (Lc 18.17).
Claro que a despedida dói, vamos chorar, nos emocionar, sentir saudade, faz parte. Somos seres humanos, pecadores, com entendimento reduzido. Mas é tão bom confiar em Jesus e no que a Bíblia fala: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”( 1Co 2.9).
Enquanto nosso dia não chega, lembramos dos nossos queridos finados e vamos fazendo planos. Falando nisso, você aceita o desafio de participar da corrida que o Teodoro e eu faremos nas nuvens? Vai ser só alegria! Seremos todos vencedores!
*Assista a esta mensagem, em vídeo, no canal Youtube.com/AlineKoller