Só a prática do amor de Cristo pode combater o preconceito

Ambos [racismo e preconceito] têm ocorrido nas igrejas, o que é um fato lamentável, porque se espera que os cristãos cumpram os ensinamentos de Deus. Ele, através de Jesus Cristo, nos ensinou que não devemos discriminar e muito menos nos sentirmos melhores ou superiores.

Nara Beatriz Matias Soares
Congregação Redenção Manoel do Rego
Canguçu, RS

        Nos últimos tempos, estamos vendo um grande crescimento nos casos de preconceito em nossa sociedade. Essa discriminação que estava adormecida ou acontecia de maneira velada passou a ocorrer de forma nítida e avassaladora. Inúmeras pessoas estão tendo suas vidas ceifadas, e outras, estão pagando por crimes que não cometeram, por exemplo. A partir dessas situações, houve um aumento de pessoas que fazem parte desse grupo discriminado que passaram a ficar atormentadas pelo medo de sofrer alguma retaliação. Outras, estão trancadas em seus lares, acometidas por problemas psicológicos decorrentes, do que ouvem e notam na sociedade. Seja um olhar de desconfiança, um trocar de lado na calçada ou até mesmo o segurar a bolsa de forma mais firme; situações que normalmente acontecem de forma (in)voluntária, mas que são decorrentes do preconceito que está enraizado em nossa sociedade.

         Nos anos recentes, fui convidada para conversar sobre o dia da Consciência Negra com professores e alunos de escolas das redes municipais nas cidades de Canguçu, Pelotas e Piratini, no estado do Rio Grande do Sul. Ressalto que devemos conversar sobre o assunto durante todos os dias do ano e não apenas em novembro, porque temos que ter a consciência que o respeito e o amor são bases para construir uma sociedade melhor. Além de desenvolver este trabalho, como presidente dos jovens do distrito, dos jovens da Paróquia Emanuel, da minha união juvenil, como professora de escola dominical e vice-secretária do Distrito Sul II, sempre procurei ser exemplo para os demais negros. Essa representatividade comprova e incentiva-os a serem líderes também e que eles podem estar e ocupar todos os espaços. Você, que lê esta revista, trabalha com algum departamento na sua congregação? Que tal trabalhar essa temática? Instigue seu pastor a fazer estudos sobre, eduquem as crianças ensinando-as que a diversidade de cores faz parte da obra da criação de Deus para tornar o mundo mais lindo. Se desde criança houver a consciência de que todos são iguais perante Deus, teremos uma sociedade menos discriminadora.

        Em nossa igreja pouco se fala de preconceito, muito menos de racismo. Felizmente temos um percentual bastante elevado de pessoas negras, que são membros de nossas congregações, dado este que é interessante para fomentar o debate sobre a diversidade étnica existente na IELB. Você já parou para pensar como as pessoas se sentem quando sofrem algum tipo de discriminação? Como você tem debatido esse assunto com seus filhos, netos e demais familiares? Ao presenciar um caso de discriminação, qual vai ser sua atitude? 

       É importante registrar que o preconceito é uma opinião feita de forma superficial em relação a determinada pessoa ou grupo, que não é baseada em uma experiência real ou na razão (BEZERRA, 2023). O racismo é a crença de que existem raças superiores a outras, enquanto a discriminação é a ação baseada no preconceito ou racismo, em que o indivíduo recebe o tratamento injusto apenas por pertencer a um grupo diferente (BEZERRA, 2023). 

        Ambos têm ocorrido nas igrejas, o que é um fato lamentável, porque se espera que os cristãos cumpram os ensinamentos de Deus. Ele, através de Jesus Cristo, nos ensinou que não devemos discriminar e muito menos nos sentirmos melhores ou superiores. Espera-se também, que a IELB busque, através dos departamentos e em seus encontros, falar sobre o assunto, para estimular a conscientização e o respeito, baseados no amor de Deus, o verdadeiro fundamento da nossa igreja. 

        Deus, nosso Pai, quer que sejamos reflexos do seu amor a todos. Ele nos diz que o primeiro e maior mandamento é: “Ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento” (Mt 22.37). O segundo mandamento, mas não menos importante que o primeiro, é: “Ame o seu próximo como você ama a si mesmo (Mt 22.39)”. Será que estamos cumprindo esses mandamentos de Deus? Se não estamos cumprindo, o que nos impossibilita? Se tivermos atitudes de discriminar nosso próximo, desobedeceremos a Deus e aos seus mandamentos. Pense, reflita e lembre-se de que Deus nos amou primeiro, e, por isso, devemos amar o nosso próximo.  Somos todos iguais, o Criador nos fez assim, à sua imagem e semelhança. Somos a igreja de Cristo, local onde aprendemos a fazer a diferença. Que vivamos os ensinamentos de Deus e os coloquemos em prática.        

         Rogo que ele abençoe nossa vida para que possamos espalhar a semente do amor, visando uma sociedade melhor, para que a colheita seja farta e o jardim da vida, florido.  

         Em Cristo, um carinhoso abraço!

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