“Quem vem aí?”, me perguntou uma senhora na saída do culto. Ao responder que era mais um menino, ela disse: “Ah, não!! Tinha que ser uma menina!” Quase sem acreditar no que ouvi, questionei: “Por quê? Não mesmo! Quando Deus envia o presente, a gente aceita com gratidão”.
Ao revelarmos que nosso terceiro filho, a chegar em maio, será mais um menino, vários comentários foram feitos nas redes sociais e presencialmente. Alguns engraçados, outros muito amorosos, mas apareceram os sem noção. A família, que até teria mais liberdade, foi super receptiva. Por incrível que pareça, os comentários mais negativos foram feitos na saída da igreja. E, olha que tivemos a chance de passar por várias congregações nas férias de verão.
O que dizemos é importante, deve edificar as pessoas e não causar dor, mágoa, desencorajamento. Nossas palavras devem refletir o amor que Deus tem por nós e pelas outras pessoas. É como lemos em Efésios 4.29: “Não saia da boca de vocês nenhuma palavra suja, mas unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.”
Sou contra esse lance de “mimimi” e concordo que somos livres para expor nossos pensamentos. Porém, acho importante falar sobre o assunto, pois mulheres grávidas lidam com uma série de sentimentos e mudanças hormonais; será que é justo que lidem também com as expectativas alheias? Com comentários que não agregam e não mudam nada? Eu já estou “calejada”, e mesmo assim sinto o impacto, me coloco no lugar das mulheres mais sensíveis, mais novas, que passam pela mesma situação enquanto carregam no ventre o seu bebê.
Uma amiga passou por isso ao estar grávida do terceiro filho, menino. Presenciei ela dando a mesma resposta várias vezes, até mesmo à atendente, quando chegávamos a um restaurante: “O mundo está precisando de bons homens”. Lembrar do exemplo dela me acalma e ajuda na hora de responder. Porém, quando passam do limite, tenho ido um pouco além e questiono a pessoa, no intuito de tentar fazê-la refletir sobre o que acabou de comunicar. Para uma senhorinha, cheguei a dizer: “Já pensou se o Leonardo for a resposta da oração feita pela sua futura neta ou bisneta?”
Eu nunca disse que preferia menino ou menina, quando me perguntavam o que eu preferia. Sempre falei que estaria feliz com o que Deus mandasse. Se é o Pai celestial quem está dando, longe de mim questionar ou achar que a minha vontade, preferência ou escolha poderia ser melhor que a decisão dele. Além do que, o bebê sente o que sentimos e escuta o que falamos, os seus irmãos também estão atentos à nossa reação e ao que dizemos.
Preferir menino ou menina e ficar comunicando isso aos outros é, para mim, comparável à criança que pediu um presente e não ganhou o que queria. Fica frustrada, faz birra e, ao invés de agradecer pelo que recebeu, prefere lamentar o que não veio. É nesses momentos que precisamos pedir sabedoria, colocar em prática o que a Bíblia nos ensina sobre sermos gratos. Isso fará bem para nós e para as pessoas que amamos e convivem conosco.
Afinal, “os filhos são um presente do SENHOR; eles são uma verdadeira bênção” (Salmo 127.3). Se nossa missão é amar e ensinar filhos meninos, louvado seja o Senhor. Agradecemos por mais este presente e queremos que ele se sinta amado, acolhido e querido desde sempre e para sempre.
*Assista a esta mensagem, em vídeo, no canal Youtube.com/AlineKoller
Acesse aqui a versão impressa.