Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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O Brasil sofreu 27 ataques de violência extremada em suas escolas em 3 anos. Agora temos mais um: no dia 8 de julho, um adolescente de 16 anos atacou a Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria Nascimento Giacomazzi, no município de Estação, no Norte do Rio Grande do Sul. Infelizmente, devido ao ataque, uma criança de 9 anos veio a falecer.
Não há mais como negar que o espectro da morte anda rondando as escolas brasileiras. Sem dúvida, esses ocorridos são um modo hediondo de anunciar o frágil laço social que se estabelece entre o espaço da educação e os impulsos agressivos de determinadas pessoas.
Ora, a escola é um local onde se estabelecem laços entre crianças, jovens e adultos, propiciando a socialização, a transmissão de contatos e conteúdos e a assimilação de ideias e sentimentos por entre os indivíduos. No entanto, tudo está tão ambíguo… o espaço que deveria ser para o conhecimento está se tornando violento e inseguro, não só para as crianças, mas também aos professores, pais e à família.
Em busca de explicação, vamos ao encontro da chamada violência niilista. O niilismo é uma percepção filosófica que compreende o mundo e suas crenças e percepções com total rejeição. Para o niilismo, nada tem sentido, sejam os valores éticos, religiosos e assim por diante. É uma filosofia que aponta para uma falta de sentido da vida – tudo é colocado em questionamento. Ele pode até ser apontado como um sintoma de crise acerca da condição humana. Assim, jovens atuantes em extremismos e radicalizações estabelecem o caos, afinal de contas, valores e referências ficam em suspensão.
O surgimento da violência niilista está em ambientes digitais anônimos, grupos fechados e fóruns, onde todo o tipo de discurso destrutivo emerge: antissemitismo (aversão aos judeus), misantropia (ódio pela humanidade), misoginia (raiva contra as mulheres) etc. Com as declarações validadas, uma cultura de desesperança é criada e, como para esses grupos nada faz sentido, o mundo deve ruir.
Para a sociedade em geral, sempre fica o apelo: regulação das plataformas digitais, ou seja, medidas para conter a exposição de adolescentes e crianças perante a conteúdos e seus múltiplos riscos. É necessária uma educação digital para frear a inserção do extremismo violento.
Enquanto cristãos, o Quinto Mandamento nos traz um importante ensino: “Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não causar dano ou mal algum ao nosso próximo em seu corpo; mas devemos ajudar-lhe e favorecê-lo em todas as necessidades corporais”. A vida precisa ser preservada: a minha, a sua, a de todos. Somente Deus tem o direito de mexer na vida humana. Auxiliar nosso irmão em suas necessidades corporais é o nosso papel, ajudar com misericórdia e amor. Sim, uma educação digital é importante, assim como uma prevenção adequada contra o extremismo, mas a Palavra de Deus é essencial, Jesus Cristo é fundamental.