Vilson Scholz
Professor de Teologia no Concordia Seminary
St. Louis, USA
Uma pesquisa, feita recentemente, procurou saber qual o livro mais lido no Brasil. O que se descobriu é que a Bíblia é o livro mais lido por 45% dos leitores entrevistados. Em segundo lugar (34% dos entrevistados) apareceram os livros didáticos, esses que os alunos precisam ler na escola. Perguntados sobre o último livro que leram, as pessoas, em sua maioria, responderam: a Bíblia. A Bíblia é, também, o livro mais importante na vida da maioria dos leitores entrevistados. É o livro mais lido por pessoas que cursaram até a quarta série, o livro preferido das pessoas com mais de 50 anos, e assim por diante.
Um dado interessante: a pesquisa mostrou que as mulheres leem mais do que os homens: a média feminina é de mais de cinco livros por ano, enquanto a média masculina é de quatro livros por ano. Onde as pessoas gostam de ler? Depende da idade. Quem tem mais de quarenta anos, prefere ler num lugar silencioso. A grande maioria (90%) dos adultos com mais de 40 anos prefere ler em locais silenciosos. Já os jovens entre 14 e 17 anos gostam de ler ouvindo música. As crianças com menos de 10 anos gostam de ler na frente da TV. (Faltava aparecer alguém que gosta de ler enquanto joga videogame!) Outro dado interessante é que, na maioria das vezes, o hábito de leitura é adquirido em família: um em cada três leitores lembra que a mãe costumava ler livros.
A Bíblia é o livro mais lido no Brasil e no mundo inteiro. Mas de nada adianta se os outros leem e eu fico de fora. Só que, poderia alguém perguntar, onde na Bíblia está escrito que a gente precisa ler a Bíblia? Existe uma passagem, bastante conhecida até, em que Jesus parece estar mandando ler a Bíblia. É João 5.39: “Vocês examinam as Escrituras, porque julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”. No entanto, segundo a nossa tradução, Jesus não está mandando; ele está constatando um fato: vocês examinam. Como diz a Nova Tradução na Linguagem de Hoje: Vocês estudam. E a ideia não é ler, mas examinar, estudar. Claro, quem estuda a Bíblia, lê a Bíblia.
E isso me traz ao ponto onde quero chegar. Quando se trata da Bíblia ou da Palavra de Deus, é bem mais comum encontrar, na própria Bíblia, alguma coisa sobre meditar ou estudar. Moisés disse a Josué: “Não cesse de falar deste Livro da Lei; pelo contrário, medite nele dia e noite” (Js 1.8). Ou como aparece na Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “Fale sempre do que está escrito no Livro da Lei. Estude esse livro dia e noite”. E, no salmo 1, o justo é apresentado como aquele que “na sua lei medita de dia e de noite”. O que é meditar, neste caso? É como que falar em voz baixa, repetir para si mesmo.
Portanto, o recado parece simples: no campeonato dos livros mais lidos, a Bíblia é líder absoluta. Mas é possível ler mais. E, principalmente, ler melhor. Ler com repetição. Ler para guardar na memória. Ler para viver. E quer saber de uma coisa? O melhor lugar para se ler a Bíblia desse jeito, do jeito meditativo, é na igreja, na companhia de outros cristãos. Ouvir a pregação da Palavra de Deus é meditar essa Palavra.
Mesmo quem nunca aprendeu a ler ou não consegue mais ler, pode meditar a Palavra de Deus. Para tanto, basta ouvir. Temos, hoje, a Bíblia inteira em gravação de áudio, numa publicação da Sociedade Bíblica do Brasil. Outra possibilidade é lembrar, puxar pela memória. Alguém já disse que a Bíblia é um livro indestrutível também pelo fato de não ser apenas um objeto, um monte de folhas, mas por estar armazenada na mente de tantas pessoas.
Ler, ler bem, ler de forma meditativa, ouvir, lembrar, ler de novo. Tudo isso é muito bom e importante. Mas, acima de tudo, por se tratar da Palavra de Deus, é preciso crer e colocar em prática.
