Daniela von Mühlen
Psicóloga Clínica e Terapeuta de Casal e Família
O poema é antigo, mas a reflexão é atual. Leia com atenção o poema de Fernando Sabino intitulado “Depois de Tudo”.
De tudo ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre a começar…
A certeza de que é preciso continuar…
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Por isso devemos:
Fazer da interrupção um caminho novo
Da queda um passo de dança
Do medo uma escada
Do sonho uma ponte
Da procura um encontro.
Depois de tudo, precisamos cuidar da saúde mental. Os dados relacionados a saúde mental no Brasil e no mundo estão assustando (Saúde Mental em Dados – Edição nº 13 | Fevereiro de 2025 — Ministério da Saúde). Observe o gráfico abaixo sobre afastamento de trabalhadores por causa de problemas relacionados a saúde mental no Brasil.

Infelizmente não é novidade. Os profissionais da saúde mental vêm alertando sobre esta realidade a bastante tempo, mas ainda estamos “tapando o sol com a peneira”.
Então, depois de tudo ou depois desse quadro alarmante, nos é apresentada uma normativa federal que tem como objetivo direcionar as empresas a olharem, mapearem e prevenirem os riscos psicossociais relacionados ao trabalho e ao trabalhador, a famosa NR-1 (Norma Regulamentadora No. 1 (NR-1) — Ministério do Trabalho e Emprego).
A NR-1 nos atinge como igreja? Bom, talvez devamos olhar para os riscos psicossociais existentes em nossas congregações e/ou organizações, nossos pastores e lideranças. Talvez, como cristãos, seja esperado da gente que sejamos agentes promotores de saúde.
É considerado um risco psicossocial tudo o que pode afetar o bem-estar psicológico e social da pessoa. Em uma empresa, por exemplo, isso pode incluir:
- Pressão por resultados;
- Excesso de carga de trabalho;
- Ambiente de trabalho hostil;
- Falta de apoio da liderança;
- Desequilíbrio entre vida profissional e pessoal;
- Falta de reconhecimento e/ou desvalorização;
- Falta de apoio psicológico;
- Constantes mudanças organizacionais;
- Ambiguidade de funções;
- Entre outros.
Por onde começar?
- Melhorando a comunicação entre gestores e colaboradores;
- Oferta de suporte psicológico;
- Incentivo ao equilíbrio entre as demandas do trabalho e a vida pessoal dos profissionais
- Promoção de um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso.
Mapeie os riscos com pesquisas, elabore um plano de ação e monitore constantemente os riscos psicossociais em sua empresa, seu local de trabalho, sua igreja, sua associação, seja lá qual for o grupo onde você está inserido, os dados são relacionados ao trabalho, mas as consequências atingem toda a vida e todas as relações.
Leia também o artigo sobre Segurança Psicológica na igreja (Segurança psicológica na Igreja: Devo me preocupar com isso? – Mensageiro Luterano). Se você acredita que este assunto não nos atinge como igreja, você também está “tapando o sol com a peneira”. Por trás de números e estatísticas, há pessoas em sofrimento profundo e é nosso dever cuidar dessas pessoas e, principalmente, não promover sofrimento onde deveria haver consolo e atenção.
Vamos falar mais sobre isso?