“Estamos cada vez mais próximos de uma catástrofe climática”, disse António Guterres, secretário geral da ONU. O ultimato vem da 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP 27, que neste ano aconteceu no Egito.
Interessante, há 3.500 anos, os irmãos de José também receberam um ultimato, e foram buscar ajuda neste lugar milenar dos faraós. Foi também no Egito que outro José, com Maria e Jesus, encontrou refúgio do ultimato de um rei perverso. Por isso, a profecia: “Quando Israel era menino, eu chamei o meu filho” (Os 11.1). E o cumprimento: “Levante-se, tome o menino e a sua mãe e vá para a terra de Israel, porque os que queriam matar o menino já morreram” (Mt 2.19,20).
São as histórias do Natal, e que apontam para a salvação da humanidade que será plena no novo céu e nova terra. Mas, enquanto isso, é preciso fugir para o Egito. E voltar. É preciso sobreviver no velho céu e na velha terra. E daí, as “profecias” do clima, parecidas com as que chegaram em sonho para o José da antiga aliança, sobre os sete anos de fartura e sete anos de seca e fome, e para o José da nova aliança, sobre as intenções maldosas de Herodes.
Tem gente que não acredita no aquecimento global. Acham que é um sonho. Mas, igual a Tomé que precisou ver para crer, as marcas da irresponsabilidade humana no planeta Terra são mais do que visíveis. O “Estado do Clima” mostra a “triste repetição do fracasso humano em combater os problemas climáticos” com “recordes alarmantes” em várias frentes, alerta o relatório da ONU: aumento do nível do mar, aquecimento dos oceanos, concentração de gases de efeito estufa e acidificação dos oceanos.
Cremos que a terra e o mundo têm um tempo de validade. É a consequência do pecado. O Advento aponta para Jesus que veio, vem e voltará, e tudo será novo. Nesta espera, não temos o direito de desobedecer a ordem divina de “fugir para o Egito”. Ou seja, se existe o alerta do clima, nós, que temos uma compreensão do Natal bíblico, temos a incumbência do José, isto é, “cuidar de Maria e de Jesus”. É o tempo da graça, do Advento que vem, de pregar e viver o evangelho. Mas, o evangelho que depende do clima, da comida, das florestas, do meio ambiente – a fim de que as nações sobrevivam, ouçam, creiam, sejam batizadas e redimidas.
O que podemos fazer de forma concreta? A primeira coisa é não duvidar dos ultimatos sobre o clima. Depois, agir pessoalmente no cuidado do meio ambiente. Apoiar ações públicas e políticas na defesa e na preservação da vida no planeta. E, como igreja e cristãos, incluir na quarta petição do Pai-Nosso o meio ambiente, e apontar para a obediência do quinto mandamento, sobre o respeito à vida quanto à obra divina da criação, confessada por nós no primeiro artigo do Credo Apostólico.
E por falar em fugir, agradeço por este espaço no Mensageiro Luterano, que agora termina. Foram 20 anos com 220 artigos no Em Foco. O primeiro foi em janeiro de 2003, sobre o tema da fome, seguindo sempre desse meu jeito, tentando conectar assuntos da mídia ou pertinentes à realidade, no dia a dia, com a Palavra de Deus. Tudo tem um começo e um fim na nossa jornada terrena, só permanece mesmo o Verbo Eterno. Feliz Natal e Ano Novo muito abençoado!