Visando contribuir na busca de soluções para o tratamento de pessoas infectadas pela Covid-19, o professor de Física do Colégio Concórdia, de São Leopoldo, RS, Jair Carlos Muller, está desenvolvendo dois equipamentos para ajudar no tratamento respiratório. Um deles está em teste no Hospital da Ulbra, em Canoas, e outro está recebendo a consultoria técnica de um especialista da área hospitalar. Mestre em Engenharia Mecânica, ele vem prototipando os projetos há 30 dias. “Desde que iniciou o isolamento, pensei em como poderia ajudar as pessoas neste momento tão difícil”, explicou. Ele faz as pesquisas nos intervalos das aulas on-line e dos cuidados com o filho pequeno.
O primeiro protótipo é um respirador mecânico de baixo custo, que foi desenvolvido em parceria com o empresário Gilmar Souza, proprietário da Termaco, de Novo Hamburgo. “Por meio de uma pesquisa de campo sobre os princípios de funcionamento de um respirador, desenvolvemos um modelo que pode ser usado nestes momentos de pandemia”, relatou Jair, que desenhou e montou o projeto que está em fase de testes e ajustes.
O diferencial deste respirador é que terá um custo muito menor que os respiradores convencionais, possibilitando o acesso a todos. Ele pode ser instalado em UTIs, hospitais de campanha e até mesmo ser usado em ambulâncias durante o processo de deslocamento do paciente até uma unidade de pronto socorro.
Conforme o professor, um especialista da área hospitalar está oferecendo o suporte para que este dispositivo tenha como atender ao público de modo geral. Estão sendo avaliados itens como os alertas e indicadores sonoros para que a pessoa que for usar o equipamento saiba operar de forma correta. “A produção em maior escala pode ser feita por empresas dos setores de saúde, mas já estamos analisando sua fabricação junto com a licença da ANVISA. Por isso, estamos fazendo todos os ajustes necessários para que tenha o funcionamento dentro dos padrões estabelecidos”, ressaltou.
O segundo equipamento em que o professor Jair está envolvido é uma cápsula ou câmera de tratamento, cujo princípio é proteger os profissionais que estão no atendimento do paciente que não estiver em respirador invasivo. A cápsula evita que o vírus saia do ambiente, uma vez que é filtrado através de uma ventilação forçada, que fica no topo da estrutura. “Nesta ventilação forçada existe um filtro, que é descartável e retém entre 97% a 99 % os vírus e bactérias”, sintetizou.
Esta cápsula é voltada para pacientes, por exemplo, que estiverem com sintomas iniciais ou no respirador BIPAP (aparelho compressor de ar utilizado para tratar doenças pulmonares).
Este projeto, além da parceria da Termaco, também tem o apoio do Rotary Club Industrial, de Canoas, que ofereceu recursos financeiros para sua fabricação e posterior doação ao Hospital da Ulbra.