Quem se aventura na cozinha sabe que o bom relacionamento com o sal é a base de tudo. Uma frustração é você ter diante de si um prato aparentemente delicioso, que encanta os olhos, mas ao ser saboreado, revela ser insosso. Pouco ou nenhum sal. A falta de sabor decepciona papilas gustativas, o coração, a alma. Por outro lado, uma refeição pode se tornar uma aflição quando o excesso de sal sufoca qualquer sabor. Sal além da conta é suicídio culinário. E, se conseguir comer, é abaixo de suor, litros de água ao longo do dia e picos de hipertensão arterial. Sal precisa ser na medida certa.
Nos tempos bíblicos, além do tempero, o sal era usado como conservante e antisséptico. Evitava a deterioração de alimentos. Ajudava a curar feridas. E, nesse contexto bíblico, Jesus diz: “vocês são o sal para a humanidade” (Mt 5.13). Cristãos são o sal. Isso não é um querer ou não querer ser. Somos sal. Desde o batismo, somos o sal no lugar onde Deus nos colocou. Sal que tempera. Que preserva. Que cura. Que dá sabor à vida.
Se o belo prato insosso decepciona, o que dizer de uma vida da qual se espera sal na medida certa, e o que temos é uma extrema falta de sabor cristão? Esse alerta serve a todos nós, para que não caiamos em hipocrisia, em uma vida dupla. Uma, nos bancos da igreja. A outra, na sociedade. Pecados prediletos cultivados em segredo, sem arrependimento algum. Ser sal é estar em constante arrependimento, mudança de vida, banhando-se com o perdão pleno de Jesus.
Por outro lado, se o excesso de sal apaga a beleza de qualquer culinária, há uma linha que divide a vida cristã do fanatismo denominacional. Quase uma lavagem cerebral, cheia de leis e proibitivos. Um terror de consciência, que anestesia as delícias de uma vida cristã vivida em amor. Esse, por assim dizer, excesso de sal, ao invés de aproximar pessoas da graça e da misericórdia de Deus, acaba afastando.
Vivamos a vida cristã com sal na medida certa. Que realça o sabor da vida. Que aponta para aquele que nos envia para viver a vida. Que preserva o verdadeiro amor nesta sociedade que distorce este sentimento. Que cura as feridas de uma sociedade adoecida e sedenta de atenção. Tudo isso, não com nossa força. Mas com a força que vem do Senhor Jesus. Nele há perdão. Vida eterna. Sal na medida certa. Perdão que cura. Amor que acolhe.
Então fica a dica: sejamos sal, na medida certa, onde Deus nos colocou. Uma conversa no Whatsapp. Uma postagem. Um abraço. Ouvir o lamento de alguém. Orar pelo que sofre. Convidar para o culto. Apontar para Jesus.
Bruno Serves
Pastor em Candelária, RS