Ao contrário de muitas pessoas, o casal cristão tem em mente que a opção pela paternidade envolve a participação e atuação ativa de Deus. O filho não é apenas resultado natural ou automático do casamento ou da decisão dos cônjuges. O casal cristão reconhece em Deus o Criador. Os filhos são presentes, bênçãos, herança do SENHOR. Os pais são, portanto, coautores com Deus e, por isso, essa vocação pode ser encarada, acima de tudo, como um chamado dos mais importantes.
Por ter esse princípio, o casal cristão ouve a Palavra de Deus, também, quando o assunto é criação de filhos.
No ano de 1529, Martinho Lutero escreveu o Catecismo Menor para instrução de crianças. O livro em todas as suas páginas começa assim: Como o chefe de família deve ensiná-los com simplicidade à sua família.
Lutero está destacando que a Bíblia ensina que todo pai é um sacerdote dentro do lar e, em sua vocação, chamado para ensinar as Sagradas Letras, a Palavra de Deus, a toda família.
Dr. Arand* escreve assim: “Deus trabalha por meio de sua criação. Ele voluntariamente se limita (ou permite que a sua vontade seja resistível quando trabalha através dos meios) para permitir que cada criatura contribua com a vida na criação de Deus. Ele as convida a participar – e até contribuir – na sua atividade criativa contínua. Assim, por exemplo, quando duas pessoas decidem se casar, sua escolha de um ao outro e seus respectivos DNAs contribuem para a criação de uma criança única.”
Em outras Palavras, Deus permite que pai e mãe atuem na criação. É como se Deus, voluntariamente, convidasse um pai e uma mãe a fazer parte da criação. Pois eles puderam escolher um ao outro e os seus DNAs formaram uma pessoa única e especial. Assim, quando um pai olha pra um filho, ele vê que Deus lhe permitiu criar junto consigo.
Nos dias do Antigo Testamento, temos o registro de como e para que Deus chamou grandes “homens de fé” – líderes cristãos para liderar o seu povo e, principalmente, suas famílias.
A Noé Deus disse: “Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque conheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração” (Gn 7). Deus se agradou de Noé porque era um homem justo e confiava no Senhor, e ele e sua família foram salvos do grande dilúvio. Noé, em sua vocação, também foi chamado para ser pai.
A Bíblia tem exemplos de pais notáveis. Um deles é Josué. Josué levou o povo de Israel a tomar uma decisão entre o Deus verdadeiro e outros deuses, quando disse: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). Josué poderia ter tomado a decisão sozinho, mas, também, em sua vocação, foi chamado para ser pai, e, junto, com a sua família, tomou a melhor decisão: servir ao Senhor.
No Brasil, no segundo domingo do mês de agosto, lembramos o Dia dos Pais. A Igreja Evangélica Luterana do Brasil aproveita essa data para lembrar aos filhos a importância dos pais em suas vidas. Pois sem os nossos pais, estaríamos nus, com fome, sem casa, sem Cristo.
Pais, a exemplo de Abraão (Gn 7), Josué (Js 24) e muitos outros pais da Bíblia, também somos vocacionados, para, em nosso ofício de pais, ensinar aos nossos filhos o caminho do SENHOR.
Filhos, que são como flechas na mão do guerreiro, significam presentes, bênçãos, herança do Senhor (Sl 127).
Alçamar Prando
Conselheiro da LLLB
*ARAND, Charles P. Back to the Beginning: Creation Shapes the Entire Story. Concordia Journal, Spring 2014.