Daniela von Mühlen
Psicóloga Relacional Sistêmica – Terapeuta de Casal e Família
https://danielavonmuhlen.com/ ou @danielavonm
No dia 20 de julho, o Brasil e outros países comemoraram o Dia Internacional da Amizade. Essa data também é utilizada para a divulgação da cultura de paz e da não violência.
O quanto isso influencia na saúde mental? Muito, com certeza. Todos sabemos que uma boa amizade traz para nossa vida um colorido diferente.
Em cada etapa da vida, a amizade tem uma importância distinta. Na infância, nos ajuda no processo de desenvolvimento social, regras e convivência. Na adolescência, a amizade faz parte do processo de independência, autonomia, pertencimento, identidade. Na fase adulta, os amigos nos acompanham e tornam a vida mais leve e nos ajudam a lembrar quem nós somos, dentre tantas exigências e correrias do dia a dia. Para o idoso, a amizade é companhia, é recordar, fazer rir do passado, estar presente sem muita cobrança.
Um bom amigo é raro, é preciosidade. Falo de amigo de verdade, aquele que sabe tudo de você e mesmo assim continua ao seu lado, sem usar os segredos como moeda de troca. Você tem um amigo assim?
Muitas relações estão mais superficiais ultimamente. Chamamos de amigos pessoas que não nos conhecem. Chamamos de heróis quem não fez nada pela sociedade. Chamamos de influenciadores quem não tem nada de bom a acrescentar à nossa vida. Onde estão nossos verdadeiros amigos? Que tipo de relação é importante para nossa vida?
A atriz Malu Mader, em entrevista recente, comentou que fica assustada com a evasão de privacidade. Atenção: não a invasão, mas, sim, a evasão! Ou seja, a privacidade não tem mais limites. Parece que tudo se tornou público, e isso não é saudável. Não que precisemos ter segredos. Não é isso, mas, sim, preservar nossa privacidade. Nossa intimidade deve ser compartilhada de formas diferentes, com pessoas escolhidas a dedo.
Um verdadeiro amigo tem um nível de intimidade que merece ter acesso a pensamentos e momentos mais íntimos da nossa vida. Já para um colega de trabalho ou de escola, é conveniente um nível de intimidade diferente. Com esses, talvez compartilhemos algumas ideias, passeios, festas, mas não algo mais sensível da nossa vida.
Ter esse discernimento de que devemos “categorizar” as pessoas em níveis de intimidade, nos ajuda a conviver melhor em sociedade, divulgar a cultura de paz e de não violência. Ajuda também no exercício de reconhecer o outro como diferente da gente.
Sua intimidade é seu tesouro. Não a entregue para todo mundo. Respeite também a intimidade do outro. Invista seu tempo e energia com pessoas que agreguem valor à sua vida, que possam acrescentar algo de bom. Amigo recarrega as nossas baterias, e a gente recarrega as baterias dele. A gente sai melhor da presença dele e não pior. Relações que nos esgotam devem ser questionadas.
Um bom amigo compartilha paz e não violência e ódio. Saiba estabelecer limites e filtros para quem se relaciona com você.
Para finalizar, lembro que estamos iniciando uma etapa de propaganda política para eleições municipais. Lembre-se de manter a cultura da paz e da não violência. Observe quem tem essa prática em sua vida também. Assim como um bom amigo traz paz, um bom líder ou gestor também agrega valor com a cultura da paz e da não violência. Lembre da ordem divina através do profeta: “Trabalhem para o bem da cidade para onde os mandei… Orem a mim, pedindo em favor dela, pois, se ela estiver bem, vocês também estarão” (Jr 29.7).
