Luise Lüdke Dolny
Psicóloga CRP 12/09392
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Com certeza, você já passou por processos de encerrar ciclos em sua vida. Mudança de trabalho, de cidade, a finalização da escola ou da faculdade, o fim de um namoro, a morte de alguém querido…
Como foi esse movimento? Foi uma transição tranquila ou foi difícil e desafiadora? Que emoções acompanharam esse processo? Alegria, medo, raiva, frustração?
Podemos dizer que “ciclos” são fenômenos que se sucedem em um determinado ritmo. Se pensarmos nas sucessões das estações do ano, podemos observar como o período de transição de uma estação para a outra gera instabilidade no clima e resulta em mudanças significativas na paisagem.
Pense na transição do inverno para a primavera, por exemplo. Alguns dias são mais frios, outros mais quentes. Nos países mais frios, a neve derrete. Algumas árvores ficam rapidamente floridas, outras demoram mais para florir, até que a primavera finalmente se estabeleça com todas as suas características.
Da mesma forma, vivemos momentos de transição em nossa vida onde são encerrados e iniciados ciclos. Às vezes, o fechamento de um ciclo é uma escolha nossa, às vezes, é algo que não foi planejado e que aconteceu de uma maneira imprevisível. Por exemplo, uma pessoa que decide mudar de emprego, uma pessoa que decide se aposentar. Ou alguém que tenha sido demitido em uma situação inesperada.
Em ambos os casos, é esperado que se viva um momento de crise e de luto. O luto é o processo emocional em que experimentamos uma sensação de vazio por algo que se perdeu. Quando falamos em luto, logo pensamos na morte de uma pessoa, mas aqui também se encaixam outros tipos de perda, como o fim de um relacionamento amoroso, um diagnóstico de uma doença complexa, a perda de um emprego, a aposentadoria…
Lidar com esses períodos de transição e de luto pode ser muito desafiador. Será necessário planejar uma nova rotina, novas atividades, será necessário refletir sobre os desejos e necessidades, adaptar projetos e recalcular rotas… isso tudo exige recursos cognitivos e emocionais para lidar com o novo e se adaptar a uma realidade diferente.
Mas, é importante dizer que, apesar do desconforto que essas transições e o encerramento de um ciclo possam causar, eles também são oportunidades que temos de olhar a vida por um ângulo diferente, de ressignificar e dar novo sentido, de aprender novas competências, de fazer diferente e melhorar o que precisa ser melhorado, de praticar a resiliência, a paciência e a perseverança.
Cada encerramento de ciclo, por mais doloroso que possa ser, é, ao mesmo tempo, o início de uma nova fase. A transição gera instabilidade, mas esta acaba passando.
Mas nem sempre conseguimos vivenciar esse momento de transição de uma maneira receptiva ao novo, e pode acontecer de ficarmos emocionalmente estagnados em um ciclo que já se encerrou. E isso pode gerar muito sofrimento e desgaste, não só para a pessoa, mas para todos ao redor.
Ao reconhecermos que existirão esses momentos de transição (planejados ou inesperados), estamos abrindo a mente para refletir de maneira consciente sobre o encerramento de ciclos, para que possamos nos preparar e nos fortalecer para as mudanças que acontecerão, sendo capazes de avançar para o novo.
Porém nem sempre conseguiremos fazer isso sozinhos. Estar abertos para apoio e ajuda de pessoas de confiança, estar abertos para falar sobre as emoções e sentimentos com honestidade, saber validar esses sentimentos e nos permitirmos sentir e viver essa transição são elementos importantes nesse processo.
Outra coisa importante e esperada é sentir tristeza e ansiedade. Mas se estiver muito pesado e difícil lidar com essas mudanças, se isso estiver impedindo você de realizar suas tarefas cotidianas, se você se sentir sem condições de avançar, procure a ajuda de um psicólogo. Esses profissionais estão preparados para apoiá-lo nessa transição.
Você está vivendo ou já viveu um momento de encerramento de ciclo em sua vida? Como foi para você lidar com essa transição?
Conte com o nosso apoio!
Excelente matéria. Parabéns.