Tristeza e depressão são diferentes?

Saiba como diferenciá-los para tratá-los de forma mais eficiente

Todos nós já ficamos tristes alguma vez na vida, é fato. Na verdade, leitor, tristeza é uma reação natural a perdas, decepções, desilusões, etc. Tristeza, etimologicamente falando, é estado de desânimo, aspecto de infelicidade. A tristeza parte de um motivo; o indivíduo sabe o motivo por estar triste. O motivo é passageiro, claro, mas cada um é um tempo particular. A tristeza dá um aperto no peito, choro involuntário, pensamentos repetitivos. Pode durar dias ou horas. Enfim, a tristeza é individual, embora o mesmo sentimento deixe os seres humanos tão parecidos. A tristeza é um sentimento que pode ser suportado, isto é, o indivíduo pode realizar seu cotidiano estando triste. É um peso que vai diminuindo com o passar do tempo.

A depressão, conforme a etimologia da palavra, é apertar para baixo, é uma dor emocional que necessita de um cuidado mais acurado. Seus sintomas são mais sérios para a saúde com relação ao sentimento de tristeza. A depressão, digamos assim, trespassa o existir do ser humano: estudo, trabalho, descanso, alimentação, lazer e outros. A pessoa não sente prazer em nada, os desejos pessoais diminuem drasticamente. Sendo assim, a pessoa deprimida não está simplesmente triste; não, ela está num contínuo desgaste psíquico. Este desgaste, caso não haja um cuidado adequado, poderá ser duradouro. Depressão é um misto de sentimentos: ansiedade, angústia, falta de esperança e assim por diante.

A tristeza, amigo leitor, é um sentimento até necessário, porque o sujeito consegue medir e reorganizar os seus sentimentos. A depressão é uma fonte de adoecimento, um sofrimento sem medição, dado que ela é, narremos assim, um vazio da existência. Portanto, a vida é prejudicada nos mais variados contextos.

A depressão gera desesperança; a pessoa carrega um pesado sentimento de culpa, quer dizer, ela sempre encontra culpa diante dos erros da vida. O sentimento depressivo é uma tristeza profunda, sem motivação, uma espécie de peso que envolve o ânimo da pessoa. Pode até acontecer algo muito bom na vida do indivíduo com sintomas depressivos, mas para ele é indiferente, a tristeza predomina. Destaco alguns sintomas da depressão:

– cansaço e falta de energia diariamente;

– sensação de inutilidade e sentimento de culpa dominante;

– pessimismo e pavor diários;

– dificuldade para concentração e decisões;

– dificuldade para dormir;

– desinteresse por atividades prazerosas;

– ganho ou perda de peso;

– inquietação ou irritabilidade;

– dores de cabeça;

– sentimento de “vazio”.

É preciso salientar uma questão: a depressão é uma doença real e precisa de tratamento adequado. É de suma importância procurar ajuda profissional: psicólogo ou psiquiatra. O medicamento é um importante instrumento que visa o alívio dos sintomas depressivos, em outras palavras, existe uma cultura chamada: “o remédio vicia”. O remédio não vicia, pelo contrário, ele auxilia o organismo a restituir as substâncias que estão deficitárias e que ocasionam o sofrimento.

Quando as mesmas são novamente estabilizadas no organismo, devido ao correto seguimento do tratamento, o médico, no tempo certo, vai diminuindo a medicação. Portanto, não é uma questão de o remédio viciar, mas é persistência no tratamento para melhorar. Também existe outra cultura: “melhorei, larguei o remédio”. Não vou escrever longas explicações, só vou dizer: largou, piorou. A pessoa volta à estaca zero do tratamento, e os sintomas voltam.

É muito importante, leitor, distinguir tristeza e depressão. Diferenciando-as, o tratamento é mais eficiente. O cuidado da mente é indispensável; assim como o corpo, ela precisa de atenção.

Artur Charczuk
[email protected]
pastor e psicanalista em São Leopoldo, RS

FONTE: SITE DO INSTITUTO BRASILEIRO DE PSICANÁLISE CLÍNICA (IBPC)


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