Votos matrimoniais

“Eu prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida até que a morte nos separe.”

Lilian Marx Flor
Psicóloga

Que momento bonito, o dia do casamento! Quantos sonhos ali depositados! Quanta expectativa! Quanto esforço para que tudo saia como planejamos!

O casamento é sagrado, uma aliança instituída por Deus, porque ele sabe que “não é bom que o homem esteja só” (Gn 2). Deus planejou que homem e mulher se unissem para formar uma família, cujos filhos pudessem crescer em segurança e com saúde física e mental.

O casamento traz consigo muita emoção! Muito amor, muito desejo! No entanto, só o desejo não é suficiente neste mundo tão turbulento. Há momentos em que é preciso usar a vontade. E existe uma diferença básica entre desejo e vontade.

O desejo é instinto, ambição, expectativa. O desejo convive harmonicamente com a fantasia e aparece na nossa vida como algo descomprometido, efêmero. No rio da nossa vida, o desejo é levado facilmente pela correnteza dos nossos instintos.

Já a vontade tem um senso de dever embutido; envolve determinação, dedicação. Está alicerçada no esforço, na energia, e exige renúncia e sacrifício. Como em um barco, precisamos conservar o rumo, remando com vigor. Por vezes, remamos a favor da correnteza, em harmonia com os nossos instintos… Mas, por vezes, precisamos enfrentar a correnteza com força e decisão, porque aquilo que estamos desejando naquele momento pode não ser o melhor para nós.

Não é à toa que incluímos nos votos de casamento situações discrepantes: alegria e tristeza (emoções), saúde e doença (estado do organismo), riqueza e pobreza (vulnerabilidade social). Como diz o ditado: “Tudo na vida passa; nada é para sempre”. Tudo flui. Podemos incluir nesse “tudo” os nossos desejos, que fluem ao sabor das nossas emoções, que também estão em constante mudança. Não há como impedir que as emoções emerjam… Não há como barrar a sua entrada. Mas podemos tentar controlar o nosso comportamento.

Se o casamento começa com o desejo, em muitos momentos a vontade precisa ser acessada. É por isso que “prometemos”. Prometer implica na consciência de que nem tudo acontece como gostaríamos, nem tudo é fácil, nem sempre o que desejamos é saudável. Prometer implica na consciência de que é preciso planejar, organizar, administrar a expressão dos nossos sentimentos. Se não é possível deixar de sentir, é possível administrar o que queremos e o que não queremos demonstrar e alimentar. Prometer implica em decidir agir para preservar o rumo escolhido. Contra o desejo, muitas vezes. Apesar do desejo. Prometer implica no compromisso, em sustentar a palavra dada, a decisão tomada, para “todos os dias da nossa vida até que a morte nos separe”.

Não é por acaso que os votos do matrimônio são feitos diante do altar de Deus. O casamento não é uma aliança a dois; é um comprometimento a três. É diante de Deus que fazemos a promessa de sermos fiéis, amar e respeitar. Essa promessa é difícil de cumprir o tempo todo, em todas as situações. Quando falhamos, não falhamos apenas com o nosso cônjuge; falhamos com Deus. O alicerce do compromisso que busca a bênção de Deus nos traz a certeza de que esse mesmo Deus estará ali sempre, para nos dar força e ânimo. Quando as dúvidas inundam a alma e nada parece fazer sentido, podemos ter a confiança de que Deus é fiel. Se o mundo é instável, inseguro, Deus é a nossa fortaleza, estável e extremamente seguro. Quando as ondas do mar da vida se tornam ameaçadoras e nos deixam cheios de pavor, podemos cantar com o salmista: “O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra” (Sl 121.2).

Como é reconfortante saber que não estamos sozinhos na vida! Que temos um(a) companheiro(a) disposto a nos acompanhar, cuidar e conosco construir uma família. Mais confortante ainda é saber que temos um Deus amoroso e poderoso, que prometeu ser o fundamento desta aliança. Um Deus que conhece as nossas fraquezas e reconhece o nosso esforço. Um Deus que nos capacita e nos fortalece a cada dia, em todas as situações.

Comentários

  1. Ótimo texto, mas porque não falam também na quebra de contrato, quando uma mulher é agredida e ameaçada, não precisa continuar casada até que a morte os separe, Deus vê o que está acontecendo, que existe uma “quebra de contrato” e, nesse caso, acredito que a separação é permitida e necessária, para o bem físico da outra pessoa. nem sempre a separação é por falta de empenho na relação, isso não é abordado quando citam este tema. Sempre parece que ao se separar. foi falta de empenho, não se curtem mais, então cada um segue seu caminho, mas nem sempre são estes motivos.

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