Uma manifestação emocional chamada insegurança

As relações interpessoais na vida atual do indivíduo podem reativar dinâmicas psíquicas inconscientes da infância, consequentemente, acentuando esse sentimento

Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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De fato, a psicanálise é uma lente única para entender o desenvolvimento psicológico de um dado indivíduo. Ela alcança as raízes dos conflitos internos que, digamos assim, encerram os seres humanos em seus mais variados dramas. Comecei o título acima com a frase, pelo menos o início dela: uma manifestação emocional. Pois bem, sabe-se que o emocional é de suma importância para o ser humano se desenvolver em sociedade. Com isso, o tempo da infância é uma época crucial para o progresso da personalidade. Quando tal período não é bem trabalhado, isto é, quando o mesmo é permeado por experiências traumáticas, os resultados são conflitos e dolorosos complexos psicológicos na fase adulta. Memórias reprimidas, conteúdos emocionais não elaborados, dores engolidas são gatilhos para influenciar o comportamento da pessoa na vida adulta.

E o que tudo isso pode gerar? Insegurança, que pode ser percebida como uma expressão de conflitos não trabalhados e relacionados às situações negativas do passado. Sendo assim, o sujeito fica privado a determinadas experiências devido a determinados gatilhos emocionais, por exemplo: uma criança que passa por humilhações, bem provável que será um adulto mais comedido, com certo receio de se arriscar para alcançar algum propósito. Esse receio vem à tona pelo fato de ocorrerem associações inconscientes. As relações interpessoais na vida atual do indivíduo podem reativar dinâmicas psíquicas inconscientes da infância, consequentemente, acentuando o sentimento de insegurança.

A pessoa insegura está sempre buscando por segurança e satisfação. Por exemplo: indivíduos que buscam relacionamentos que reproduzam dinâmicas parentais, ou seja, o homem que busca uma mulher com traços maternos e vice-versa. São as reproduções dos padrões inconscientes, os descompassos assimilados lá na infância e que agora são norteadores de sentido e verdade para o ser humano adulto. E assim vai o sujeito adulto: passando sua vida na contínua tentativa em confirmar as verdades assimiladas na infância. Agem assim por insegurança, por receio diante do diferente. Mais um exemplo: pessoas que cozinham da mesma forma como a tia cozinhava, em outros termos, não arriscam novas receitas, preferem o bê-à-bá do velho e empoeirado caderninho de receitas da tia. Sim, a insegurança é como um muro que não lhe permite olhar para o horizonte cheio de possibilidades que está ao seu redor.

Para romper tal ciclo, o autoconhecimento é um caminho essencial. É importante refletir sobre o porquê de tal comportamento? Claro, é importante frisar: existe a insegurança funcional, isto é, aquela o prepara para uma situação, que não o paralisa, pelo contrário, é combustão para você agir; diferentemente da disfuncional, a que gera prejuízo e enrijece desejos. Insegurança está ligada à baixa autoestima; é a pessoa que não se sente valorizada, que experiencia uma sensação de impotência diante do mundo, que invalida o que pensa. A insegurança é como um campo que mina o psicológico do ser humano com a autossabotagem. Ela é capaz de neutralizar projetos pessoais, aniquilar sonhos. Por isso, é muito importante ressignificá-la.

Desenvolver habilidades saudáveis, como a autonomia, a boa autoestima, um olhar mais acolhedor para si próprio e assim por diante, são elementos significativos para trilhar uma vida mais assertiva. Caso você se identifique com o que leu até aqui, busque auxílio. Ore a Deus para que ele lhe conceda o discernimento necessário para lhe conduzir na busca de cuidado. Afinal de contas, a natureza psicológica do ser humano é um presente de Deus e também merece carinho e atenção.

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