Artur Charczuk
pastor e psicanalista
e-mail: arturcharczuk13@yahoo.com.br
Existe um livro do psicanalista, ensaísta e escritor Contardo Calligaris (falecido em 2021), cujo título é “O Sentido da Vida” – ele já está em sua 7ª edição – que fala sobre a felicidade. De fato, cada página do livro é um grande convite para o leitor pensar sobre felicidade. Intrigante, pois usamos o termo felicidade até de forma inconsciente, isto é, falamos sem pensarmos muito. Têm aquelas frases, até respostas, bem clichês: o que você quer para sua vida? Ser feliz! Que você seja feliz! Eu busco pela felicidade! E assim por diante. Tudo bastante automatizado, apenas uma resposta pronta para alguém que pergunta. Parece que a contemporaneidade voltou para o tempo da industrialização, focada em uma produção contínua, repetitiva, que não precisa muito, apenas fazer e fazer.
Um outro exemplo bastante comum, é quando as pessoas se cumprimentam: tudo bem! A outra responde: tudo bem! Mas quem disse que está tudo bem? De repente não está tudo bem, vai que a pessoa está passando por um dia péssimo, com muitos problemas e dificuldades, no entanto, ela responde: tudo bem.
Responder tudo bem é apenas seguir uma normativa da felicidade institucionalizada, em que a pessoa tem que estar feliz e, caso não esteja feliz, precisa aparentar, seguir o que o meio social coloca como regra. Quando você olha as imagens do Instagram ou Facebook, todo mundo está feliz, né! Você, leitor, acredita naquela felicidade toda? Eu não.
Calligaris dizia que sempre gostava do cumprimento em inglês: “how are you”, ou seja, como você está? Ele sempre achou um cumprimentar muito mais abrangente, que acolhe o ser humano como um todo. Sendo assim, o autor propõe que o ser feliz acaba se tornando até como algo próximo da preocupação: eu preciso ser feliz! O que farei da vida, caso eu não consiga ser feliz? Preciso alcançar metas, assim, serei feliz. A felicidade acaba se tornando um caminho tortuoso e dificultoso.
Para Calligaris, a vida não é apenas essa busca pela chamada felicidade e ter que mostrá-la para os outros em todos os momentos; viver assim é afunilar à vida. A vida não é apenas essa felicidade, ela é muito mais ampla, já que existir envolve perdas, sofrimentos, dramas e outros. Ser feliz é viver o que se está vivendo, permitir vir à tona o medo, a angústia, a insegurança, a lágrima e por aí vai. É ser simplesmente humano, ser feliz é ser humano. Viver à humanidade, em sua totalidade, é buscar pela felicidade. Sejamos felizes, sejamos humanos.
FELICIDADE SUPREMA
Falando nisso, gosto de lembrar de Isaías 55.6: “Busquem o SENHOR enquanto ele pode ser encontrado; invoque-me enquanto ele está perto”. Que anúncio maravilhoso do profeta. Deus oferece salvação para seu povo. É na comunhão com o nosso Deus, que o ser humano encontra tudo o que precisa. É no relacionamento com Jesus Cristo, que o homem encontra o sentimento de felicidade, logo, não percamos mais tempo. Jesus é a suprema felicidade, que não depende do tempo humano, mas da eternidade.
Busquem a Jesus Cristo, descansem no verdadeiro Deus, ele traz perdão, salvação e vida eterna. Creio que o leitor percebeu, mas nesta parte do artigo, felicidade está sem interrogação. Claro, nós encontramos ela, melhor ainda, ela nos encontrou, sendo ela o Filho de Deus, Cristo Jesus.