Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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Envelhecer… pois é, leitor, muitas pessoas não aceitam o que é, digamos assim, o natural processo da vida. Alguma vez você já leu o conto de Francis Scott Key Fitzgerald? O curioso caso de Benjamin Button. Não vou dar spoiler, isto é, falar sobre o material, mas é um conteúdo que tem muito a ver com o material deste artigo. Ele também está como obra fílmica, vale a pena você assistir. Está bem, só vou dar uma breve dica: imagine o começar da vida a partir da velhice. Agora é com você, leitor, curiosidade atiçada, vá e procure ver ou ler o belo enredo. A qualidade de vida, na terceira idade, é muito influenciada por fatores emocionais e psicológicos. De acordo com a Organização Pan- Americana da Saúde (OPAS), 10% das pessoas com mais de 60 anos lidam com os sintomas da depressão. Uma das questões que afetam o ser humano que está atravessando o tempo terceira idade são as experiências negativas da vida: traumas da infância, traumas da vida presente, o estresse, o luto, etc. Outra situação é o próprio corpo, em outras palavras, que não é mais o mesmo. As tarefas, antes tidas como simples, se tornam difíceis diante do corpo e suas debilidades.
Algumas dificuldades, numa perspectiva mental, podem ser destacadas aqui; claro, não estou dizendo que vão aparecer, cada caso é um caso:
Depressão – um sentimento de desesperança, falta de estímulo diante da vida. Uma sensação forte de desamparo, uma necessidade maior de afeto e segurança. O temor do abandono, da solidão, ficam mais presentes. Pode haver episódios de choro.
Demência – os diferentes tipos de demência são caracterizados por dificuldades de memória e condições cerebrais crônicas. É uma posição progressiva da memória, ou seja, a pessoa vai tendo dificuldades para lembrar ou fazer coisas do cotidiano, exemplo: esquecer a boca do fogão acesa.
Transtorno Bipolar – São as variações de humor. Oscilações frequentes entre tristeza e alegria.
Quando pensamos sobre a saúde mental de uma pessoa idosa, é importante frisar que ela pode ser afetada por fatores que vão além das condições biológicas; os aspectos sociais, psicológicos e ambientais também são influenciadores. Por exemplo: a questão da mudança física, a pessoa precisa se adaptar e saber gerenciar o corpo e sua realidade. Também o próprio envelhecer. Vou explicar: vivemos em uma sociedade que valoriza o corpo jovem e anula o processo natural da vida, ocasionando uma desenfreada busca pela juventude eterna. Como a tecnologia não vence o que é o natural da vida, envelhecer, vemos pessoas cada vez mais com depressão, ansiedade, angústia e outros. Outro aspecto é que o envelhecer ocasiona um maior vislumbre acerca da morte; em outros termos, os amigos, conhecidos, parentes, vão morrendo, dado que eles são ou quase são da mesma época da pessoa idosa. Consequentemente, o sentimento de luto emerge e faz com que o idoso pense sobre a própria morte, despertando um sentimento de vazio e perda de sentido da vida.
Outra realidade a ser destacada é a perda de papéis sociais. É uma ocorrência comum na terceira idade, quando a pessoa se aposenta e sua rotina muda drasticamente. Com a ausência da rotina profissional, o indivíduo pode ter baixa autoestima, podendo ocasionar um sentimento de pouca importância, ou seja, de que ela não é mais necessária. Além disso, com o envelhecimento do corpo, o cuidado precisa ser aumentado. O que a pessoa fazia antes sozinha, ela não pode fazer mais, assim sendo, outros fazem por ela. Com isso, o idoso pode ter o sentimento de não ter mais o controle da própria vida, podendo ter uma sensação de apreensão diante das coisas.
O cuidado com a saúde mental do idoso não é algo tão simples, mas existem caminhos, maneiras de auxiliar o indivíduo a ter uma vida mais saudável:
Hobbies – incentivar o idoso a ter momentos de lazer, de atividades que proporcionem satisfação e alegria. Exercícios físicos e contato com a natureza, em síntese, são caminhos benéficos para a pessoa buscar uma qualidade de vida mais salutar.
Contato com novos ambientes – passeios, viagens, lugares esteticamente agradáveis são ótimas alternativas para o idoso aliviar o estresse e promover o sentimento de contentamento.
Vivência conjunta de determinadas atividades – a hidroginástica, os bailinhos da terceira idade, os departamentos da congregação, cultos, dizendo melhor, são ótimos reforçadores de laços sociais e excelentes estímulos para o cognitivo do sujeito.
Visitas regulares – manter um contato diário com o idoso, a visita dos familiares, dos amigos e assim por diante. Isso ocasiona o fortalecimento do laço social e da estima.
Boa alimentação – uma dieta saudável é um grande benefício para o bem-estar do idoso. Alimentos ricos em nutrientes são repositores de energia e bom humor.
Vivência cristã – é o fortalecimento da fé, a vivência congregacional, a participação na comunhão, etc. É na Palavra que o idoso encontra conforto e descanso para sua vida diária.
A TERCEIRA IDADE É UMA ETAPA DINÂMICA
É uma jornada, leitor, é um percurso dinâmico e complexo. Existem muitos desafios, mas o olhar sensível para a terceira idade é o melhor caminho. Afinal, se Deus assim permitir, todos nós vamos atravessar o inevitável advento da terceira idade. Quando você tem contato com algum idoso, ele é como um espelho, assim dizendo, o seu reflexo está ali. Portanto, é de suma importância oferecer conforto e segurança para os nossos irmãos mais experientes. Eles são uma responsabilidade social e afetiva, espaços cedidos por Deus para o testemunho do amor cristão. Em uma sociedade que rema contra o que é certo, cabe ao cristão acolher e amar sem limites o natural da vida, a terceira idade. E não deixe de ler ou ver O curioso caso de Benjamin Button.