Minha mãe conta que quando eu era um bebê, de nove meses, surpreendi minha bisavó, ao juntar minhas mãos em oração, na mesa do almoço, balbuciar algumas palavras incompreensíveis e terminar com um sonoro: “Aaaaamém” – bem característico do meu pastor à época. Segundo minha mãe, sua avó nunca tinha visto um bebê orar tão solenemente. Ela achou admirável e engraçado ao mesmo tempo.
Aprendemos que a oração é uma conversa com Deus. Oramos para agradecer pelas bênçãos recebidas. Oramos para pedir perdão. Oramos para suplicar por algo e oramos para interceder por alguém.
A oração requer prática e compromisso. É necessário separar um tempo para estar na presença de Deus e falar com ele expondo tudo o que se passa em nossa vida, com o coração aberto e sem pressa.
Entretanto, confesso que, muitas vezes, o cansaço de todo o trabalho com os filhos pequenos e das noites mal dormidas me vencia e, acabava adormecendo antes de conseguir formular qualquer frase de agradecimento.
Comecei, então, a escrever minhas orações, como em um diário. Dessa maneira era mais fácil me concentrar em minhas petições a Deus. Algumas vezes, releio as preces escritas e percebo o quanto Deus tem me abençoado.
Aprendi, também, a falar com Deus em pequenos momentos do meu dia a dia: enquanto lavo louça e limpo a casa. Seja recitando um salmo ou agradecendo pelas bênçãos recebidas através dos alimentos, das roupas para lavar e da energia dos filhos saudáveis.
Mas, mesmo assim, há dias em que orar é difícil. Há horas em que a mágoa e o ressentimento tomam conta dos meus pensamentos. Que a dor é maior que a razão e parece sufocar a minha fé. Simplesmente não tenho vontade de orar.
Nesses momentos, me lembro de uma frase de Lutero: “Quando eu não consigo orar, eu canto.”
Exatamente isso: “Quando não consigo orar eu canto.” Canto as belas orações de nossos cancioneiros, canto músicas escritas por cantores evangélicos consagrados. E enquanto canto, volto a orar. Muitas vezes, as lágrimas escorrem, e o Espírito me conduz novamente à presença do Pai. Aliás, certamente, nesses momentos, ele traduz minhas palavras a Deus com gemidos inexprimíveis.
A oração é um presente de um Deus amoroso que mesmo nos conhecendo por inteiro, nos permite falar com ele abertamente sobre nossas alegrias, medos, tristezas e ansiedades trazendo ao nosso coração uma paz que não podemos compreender enquanto nos colocamos humildemente aos seus pés! Oremos sempre, irmãs e irmãos. Até o dia em que conversaremos com Deus face a face.
Daniela Fischer Buss Weiss
Rolante, RS