Perspectivas da liberdade religiosa em 2025

É imperativo que o Brasil consolide mecanismos eficazes de proteção ao direito ao exercício da fé, combatendo abusos que possam vir tanto do Estado quanto de instituições privadas e da própria sociedade

     À medida que nos aproximamos de 2025, vemos que o fortalecimento da liberdade religiosa enfrenta desafios complexos e interligados, em pelo menos três frentes: polarização política, guerras e avanço do secularismo.

     A crescente polarização política tem dificultado diálogos construtivos entre diferentes visões de mundo, criando um ambiente de intolerância e hostilidade que prejudica o exercício pacífico da fé. As guerras, por sua vez, não apenas devastam comunidades religiosas, mas também minam os direitos fundamentais, incluindo a liberdade de crença e prática. Já o secularismo, em sua forma mais radical, tenta excluir as vozes religiosas das discussões públicas, desconsiderando as contribuições que essas tradições podem oferecer para o bem comum.

     No entanto, é inegável que a religião tem muito a contribuir para as grandes discussões contemporâneas, especialmente no que se refere ao desenvolvimento sustentável. A ONU, em sua Agenda 2030, estabeleceu metas ambiciosas para o desenvolvimento sustentável, englobando aspectos como erradicação da pobreza, promoção da paz, justiça social e proteção ao meio ambiente. Grande parte dessas metas, entretanto, dificilmente será alcançada sem a participação ativa das religiões no diálogo global. As tradições religiosas possuem valores e princípios que fomentam a solidariedade, o respeito pela dignidade humana e o cuidado com a criação, elementos essenciais para que as metas da Agenda 2030 sejam efetivamente concretizadas.

     O Brasil, por seu histórico, tem um papel decisivo a desempenhar nesses diálogos globais. Para isso, é fundamental que fortaleçamos internamente nossa própria liberdade religiosa, adotando uma noção correta de laicidade colaborativa. Ao contrário de uma visão estrita de laicidade, que isola o Estado das expressões religiosas, a laicidade colaborativa promove uma interação positiva entre o poder público e as comunidades religiosas, respeitando a autonomia de ambas as partes. Isso permite que as religiões contribuam ativamente para questões sociais, culturais e ambientais, sem renunciar à sua condição de garantidor do espaço de liberdade.

     Além disso, é imperativo que o Brasil consolide mecanismos eficazes de proteção ao direito ao exercício da fé, combatendo abusos que possam vir tanto do Estado quanto de instituições privadas e da própria sociedade. Somente por meio de um sistema jurídico robusto e de uma cultura de respeito à diversidade religiosa, seremos capazes de garantir que todos os cidadãos possam praticar suas crenças sem medo de discriminação ou perseguição.

     Fortalecer a liberdade religiosa no Brasil representa um passo importante no amadurecimento da nossa nação. Com uma sociedade mais aberta e colaborativa, o país estará mais preparado para liderar e contribuir de maneira significativa nos diálogos globais, promovendo um futuro de paz, justiça e sustentabilidade.

     Seguimos vigilantes na defesa e promoção da liberdade religiosa, conscientes de sua importância para a construção de uma sociedade mais justa, pacífica e colaborativa. Que em 2025 possamos avançar ainda mais nesse caminho, fortalecendo o respeito mútuo e a cooperação entre todos. Desejamos um Feliz Natal e um abençoado 2025, repleto de paz, esperança e harmonia para todos!

Acesse aqui a versão impressa.

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias Relacionadas

De geração em geração

Ao olharmos para trás, somos tomados por gratidão. Por isso podemos olhar para o futuro com bom ânimo, com a convicção de que as próximas gerações levarão a mensagem do evangelho até lugares e tempos que nós mesmos jamais alcançaremos.

Veja também

De geração em geração

Ao olharmos para trás, somos tomados por gratidão. Por isso podemos olhar para o futuro com bom ânimo, com a convicção de que as próximas gerações levarão a mensagem do evangelho até lugares e tempos que nós mesmos jamais alcançaremos.

CULTO E BEM-ESTAR

O que a pesquisa confirma e Lutero já sabia