Um por todos, todos por um!

Esta conhecida frase pode dizer algo para nós no âmbito da fé e da vida cristã?

     Um por todos: um único ato! Uma única vez! Com valor para todo o sempre! Este é o sentido da paixão, morte e ressurreição de Cristo!

     Todos por um: a fé nessa obra nos congrega, torna corpo de Cristo – a igreja, que atua testemunhando e ensinando para a salvação por meio do único salvador Cristo Jesus.

      A Quaresma e a Páscoa trazem uma história de substituto. Algo é feito por um mediador ou substituto. Cristo é o sacerdote enviado por Deus para realizar um sacrifício e ser o próprio sacrifício. Este é ofício sacerdotal de Cristo. Cristo está à frente dos seres humanos e diante de Deus, na cruz.

      Cristo não apenas representou cada um de nós, mas real e verdadeiramente nos substituiu, levando à cruz todo o pecado, cumprindo a lei exigida por Deus. A culpa do pecado foi paga com derramamento de sangue.

      A Quaresma inicia com a Quarta-Feira de Cinzas e nos chama à reflexão. As cinzas trazem um símbolo de arrependimento e que o sacrifício foi realizado para perdão do pecado. Elas nos fazem lembrar nossa origem do pó, a passagem da vida como um sopro e o fim para o pó.

      Quando o cristão faz uso de símbolos e busca trazer à viva lembrança aspectos do sofrimento de Cristo para o perdão dos pecados, precisa estar atento para não colocar sobre si sofrimentos que Cristo cumpriu. A obra que celebramos e sobre a qual refletimos na Quaresma foi concluída na cruz. Esta obra “Está consumada”. Não há sacrifício humano a ser acrescentado. A ressurreição é a vitória de cada pessoa.

     A quaresma não tem um fim em si mesma, mas aponta ao que é maior: a vitória de Cristo na ressurreição! A obra redentora recoloca o ser humano diante de Deus e restaura o propósito criador de Deus – manifestar a glória de Deus.

     O apóstolo Pedro diz: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9). Esta afirmação revela a identidade cristã. Por meio da fé recebemos os benefícios da redenção e nos tornamos sacerdotes no mundo conduzindo o testemunho e a proclamação da Palavra para que as pessoas sejam colocadas diante de Jesus para crer por obra do Espírito Santo. Essa identidade de sacerdotes do Senhor tem a finalidade revelada no texto: “proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a maravilhosa luz”. Proclamar a palavra que nos resgatou no batismo e viver com palavras e ações um testemunho que dá moldura e vida à transformação que o evangelho nos concede. Proclamar torna o Salvador conhecido, e a proclamação conduz pessoas à fé.

      Esse sacerdócio não é vivido apenas dentro do templo. O culto é lugar onde o sacerdote e profeta Jesus entrega os benefícios de sua obra por meio da Palavra e dos sacramentos. E após o culto, como sacerdotes do Rei Jesus, orientados na Palavra e fortalecidos no corpo e sangue de Cristo, recebidos na ceia, nós, sacerdotes, vamos servir às pessoas que ainda não vão ao culto. A ação social ocupa-se com o que as pessoas sabem que precisam (material), e a evangelização oferece aquilo que elas precisam (espiritual) e nem sempre sabem: os benefícios da paixão, morte e ressurreição de Jesus, para a salvação eterna.

     Celebramos a cada ano a única Quaresma e a única Páscoa, porque um único ato de Cristo nos dá a salvação de graça. Graça de Deus. Um alto preço pago – paixão e morte – mas foi por mim! Eu o recebo pela fé. E esta fé salva. Esta é a mensagem da igreja – o povo confirmado em Cristo.

    Os cristãos vivem e proclamam o que Cristo fez por todos para glorificar o único Salvador.

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