Ainda membros da igreja

Conta-se que na igreja primitiva havia costume que era, ao mesmo tempo, belo e significativo. Quando falecia um membro da congregação, seu nome não era riscado da lista de membros. Apenas se fazia a seguinte anotação atrás de seu nome: “Transferido para a igreja do alto”.

Os cristãos estavam tão certos da unidade entre a igreja cá em baixo e a igreja lá de cima, que a morte lhes era simplesmente uma transferência – simples mudança, ida de uma congregação de santos a outra. Que belo pensamento!

Esse pensamento é belo e, principalmente, verdadeiro – tão verdadeiro como qualquer outra das verdades que Deus nos deu nas páginas de sua Palavra. Não há razão por que você e eu não possamos estar certos desse fato glorioso como estavam os crentes de outras eras. Os nossos amados que partiram desta vida confiando em Cristo como Salvador e Senhor, continuam sendo membros da igreja da qual Cristo é o Cabeça. Eles e nós continuamos unidos naquela “doce comunhão mística” que vincula a quantos pertencem ao Senhor. O apóstolo Paulo expressa essa verdade confortadora de maneira clara, ao dizer: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu; para ser Senhor, tanto de mortos como de vivos” (Rm 14.8,9).

Cristo continua sendo o Senhor redivivo dos nossos amados que já partiram. Eles ainda são membros de sua igreja. Mas agora são membros da igreja triunfante, a igreja da qual falou o profeta antigo: “Os resgatados do Senhor voltarão, e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido” (Is 35.10).

Quando estamos junto ao esquife de pessoa amada que partiu, é conforto inexprimível saber que ela e nós continuamos sendo membros de uma única igreja, que estamos nas mãos do mesmo Senhor, que continuamos a ser amados pelo mesmo Senhor, que ainda adoramos perante o mesmo trono, o trono do Cordeiro que foi morto e nos obteve a vitória.

É verdade que nós, os que ficamos, temos que adorar o Cordeiro pela fé. Os que nos precederam, os que foram transferidos, estão adorando-o face a face. Algum dia, quando o relógio do céu marcar a hora para aquele grande culto comum, que jamais há de terminar, eles e nós o adoraremos juntos.

Cidade altiva és tu, Jerusalém.

Ó Deus, vivesse eu lá!

De ti saudades a minha alma tem

Enquanto aqui está.

Nem campo, vale, serra

A podem refrear;

Fugindo desta terra,

Procura e eterno lar.

E quando finalmente lá chegar,

No reino celestial,

Insuperável gozo hei de encontrar

E glória perenal.

Mil aleluias santos

Os salvos cantarão;

Hosana, doces cantos

Ali entoarão.

Mas enquanto não chegar a hora da grande e eterna adoração comum, a igreja militante, a igreja na terra, tem suave união mística dos que já repousam na igreja triunfante. E cada um dos que ficamos para trás dizemos com o poeta:

Minha alma redimida

Ajunta às que no além

Florescem em beldade

E vivem ante ti.

Herman W. Gockel

In: Ergue a tua Vida. 2.ed. Porto Alegre: Concórdia, 1997, p.76.

*Texto publicado na edição de novembro de 2015.

Artigo anterior
Próximo artigo

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias Relacionadas

Independência ou morte!

Na cruz, um ato que liberta da morte para a vida

Veja também

Independência ou morte!

Na cruz, um ato que liberta da morte para a vida

Dia de vistoria?

Assista à reflexão do pastor Cesar Rios

Formandos de Teologia conhecem de perto o trabalho das servas

Diretoria Nacional da LSLB dirigiu aula para os estudantes no Seminário Concórdia