Pastores de Belém

Uma das atividades mais antigas registradas na Bíblia é a de pastorear ovelhas. Esse era o trabalho de Abel, filho de Adão, conforme Gênesis 4. Era também uma das principais atividades do povo de Israel antes de povoar a terra de Canaã; como eles viviam uma vida nômade, a principal tarefa dos membros da família era a de pastorear seus rebanhos que incluía gado, cabritos e principalmente ovelhas. Pastorear significa “conduzir, guiar, cuidar”, essa é a função de um pastor de ovelhas.

Mesmo depois de se instalarem na terra prometida Canaã, a atividade de pastorear rebanhos de ovelhas continuou muito ativa, principalmente nas campinhas de Belém, lugar propício para a criação de grandes rebanhos de ovelhas. Isso se evidência pelo fato do próprio rei Davi, enquanto morador de Belém, sua terra natal, ter sido um pastor de ovelhas. Outro fator que tornava Belém um lugar propício para essa atividade, era a proximidade com o Templo em Jerusalém, pois, segundo alguns estudos, todo ano eram sacrificados em Jerusalém cerca de 200 mil cordeiros, e Belém era um dos seus principais fornecedores.

Mas o que levou Deus a escolher estes humildes servos para receberem de primeira mão a notícia trazida pelos anjos de que nasceu o Salvador?

Primeiramente, é importante ressaltar que a profissão de pastor de ovelhas não era bem vista pelos líderes religiosos, pois o contato com animais os tornava imundos (quando tinham de auxiliar as ovelhas em seus partos, colocavam suas mãos em contato com o sangue e, quando eliminavam os animais mortos, colocavam suas mãos em contato com cadáveres). Outra situação que colocava os pastores em desvantagem era o fato de que tinham de passar semanas (dias e noites) longe da família e do contato com os rituais do Templo a fim de pastorearem as ovelhas em campos retirados e abertos.

Parece tão triste que justamente os que eram responsáveis por criar as ovelhas destinadas aos sacrifícios realizados no Templo em Jerusalém eram os excluídos do Templo. Talvez seja por essa razão que Deus tenha escolhido esses humildes e desprezados homens para revelar sua glória e comunicar a mais grandiosa de todas as notícias: a do nascimento daquele que veio para salvar a todos: Jesus Cristo.

Foi através da boca de anjos que aqueles pastores rejeitados e esquecidos pela sociedade tiveram a prova de que Deus não se esqueceu deles. E a resposta desses pastores à mensagem que ouviram foi imediata: “Vamos até Belém para ver o que aconteceu; vamos ver aquilo que o Senhor nos contou” (Lc 2.15). Depois de virem, “voltaram cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto” (Lc 2.20).

A Palavra de Deus, quando toca o coração, nos impulsiona a agir. Os pastores agiram: Primeiro foram adorar, depois voltaram testemunhando. Não há dúvidas de que esses homens foram as primeiras testemunhas do Salvador Jesus.

A narrativa dos pastores de Belém, os primeiros a receberem a notícia do nascimento do Salvador Jesus, encontra-se em Lucas 2.8-20.

Versículo-chave: “Então os pastores voltaram para os campos, cantando hinos de louvor a Deus pelo que tinham ouvido e visto” (Lc 2.20)

Emerson Zielke

Pastor em Igrejinha, RS

*Este texto foi publicado no Mensageiro Luterano de janeiro/fevereiro de 2013.

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