Pastor Ervino Skalee

“Lembrem-se dos seus líderes, os quais pregaram a palavra de Deus a vocês [...] honrem sempre os que são como ele” (Hb 13.7; Fp 2.29)

Fiz contato com o pastor Skalee por telefone. Ele relutou em escrever sobre o seu ministério. Mas ele começou a contar alguns lances, e a conversa se estendeu por quase uma hora. Num segundo telefonema, mais detalhes foram revelados. Eu me emocionava com suas experiências. Ele começou a colocar no papel suas lembranças. Foram 20 páginas manuscritas. Recebi pelo correio. Digitei tudo. Fui obrigado a cortar alguns detalhes. Mas o texto completo vai ser arquivado no Instituto Histórico da IELB. Graças a pioneiros como ele e tantos outros, a igreja se estabeleceu nos mais distantes locais de nossa pátria. A Deus toda a glória! (CWWinterle)

Ervino Skalee, filho de Guilherme Skalee e Alvina Skalee, nascido no dia 16/12/1938 na Linha 27 Norte, Ajuricaba, 3° Distrito de Ijuí, RS. Batizado no dia 22/01/1939, pelo pastor Albert Mette. Confirmado no dia 29/03/1953 pelo pastor Kurt Raschke. Ingressou no Seminário Concórdia em 1954. Formou-se no dia 29/11/1964. Casou-se com Marlene Machado no dia 05/12/1964.

1° Chamado: Picada Karnopp, interior de Candelária, RS. Fui o primeiro pastor ali residente. Eram sete lugares para atender: quatro antes de Sobradinho e três depois de Sobradinho.  Quando as estradas estavam secas, ia de bicicleta. Quando chovia, a cavalo. Ia de ônibus até os lugares mais longe. Muitas vezes perdia o ônibus, na volta, e tinha que caminhar 22 quilômetros até chegar em casa.

2° Chamado: São João, no Sudeste do Paraná. Tinha dez lugares para atender. Para meu sustento, dava aulas na escola pública. Também fui o primeiro pastor residente ali.

3° Chamado: Canoas, RS. Ali, além de ajudar no trabalho da igreja, dava aulas no Colégio Cristo Redentor.

4° Chamado: Cacoal, Rondônia. Saímos de Canoas, RS, a São Paulo, SP, depois para Cuiabá, MT. Fomos muito bem recebidos pelo pastor Eidam, que nos levou para conhecer a capital. No dia seguinte embarcamos no ônibus, às 20h, rumo a Cacoal, 1.050 quilômetros, estrada de chão. Depois de viajar a noite toda e o dia todo, às 18h do dia seguinte chegamos a Cacoal.  Foi alugada uma casa bem simples, sem forro. Os morcegos voavam por cima da gente e no chão havia ratos. Na primeira manhã, quando abri a porta, uma enorme cobra de cerca de 1,30m e a grossura de uma lata de refrigerante estava ameaçando algumas galinhas. Tive que pedir ajuda do vizinho.

A primeira viagem a Ouro Preto do Oeste ficou na história. Saímos de manhã cedo, eu, o estagiário Ruben Rieger e mais um rapaz. No entardecer do dia chegamos às margens de um riozinho, onde deixamos o jipe e seguimos a pé, num trilho no mato. Escureceu e perdemos o trilho. E agora? Para onde ir? Com os dedos na boca, dei um assobio bem forte. Aí ouvimos o latido de um cachorro. Pegamos essa direção. Quando o cachorro não latia, eu assobiava de novo, até chegarmos numa clareira. Um senhor perguntou: “Quem é?” Nos identificamos, e era um membro da igreja, o sr. Meyer. Nos recebeu com muita cordialidade.

No dia seguinte, fomos para o local de culto. Mais de 100 pessoas nos aguardavam. À tarde, seguimos para a Linha 201. Fomos muito bem recebidos pelo presidente, sr. Mink. Depois, seguimos até Ji-Paraná. A recepção foi muito amigável. Finalmente, voltamos para casa.

O campo de trabalho: Linha 9, Linha 7, Cacoal, Linha 6, Linha 5, Linha 3, Linha 2, Vista Alegre. Depois se acrescentou: Linha 9 – segundo projeto, Linha 8, Linha 5 – segundo projeto, hoje Ministro Andreazza, Linha 4, Linha 2 – segundo projeto. Ao todo, 13 lugares.

Fatos a destacar: Quando chegamos lá, havia muita pobreza. Quantas vezes, de madrugada, batiam na porta e pediam de joelhos: “Por amor de Deus, me ajuda”. Foi aí que eu falei com um médico japonês, Toshio Shiokawa, pedindo ajuda. Ele então me disse: “Vou te dar 30 consultas por semana. Você faz a triagem e me manda para o hospital”. Que bênção! Criei um banco de sangue. Assim, conseguimos amenizar a situação.

Certa noite, nós voltávamos de uma visita, quando tive que parar o jipe, pois uma cobra de uns 25cm de diâmetro atravessava toda a BR. Ela deveria ter uns 10m de comprimento.

O fato mais traumático aconteceu quando voltava da Linha 2. Tive que fazer uma travessia de uns 15 quilômetros de pura mata fechada.  A certa altura, o jipe derrapou e ficou acavalado, com as quatro rodas no ar. Já era noite. Só me restou deitar bem encolhido no banco, me cobrir com a batina e dormir. Eu acordei pelas duas horas com o esturro da onça! Gente, foi traumático! Eu acendi a luz do Jeep e toquei a buzina. Seguiu-se um silêncio. Mas demorei para dormir de novo.

5° Chamado: Em 1978, aceitei o chamado para Colônia Buriti, em Santo Ângelo, RS. Além de implementar Escola Dominical nas cinco comunidades, criamos o Departamento de Servas em todas elas. Também dois corais. De lá que foram cinco jovens da paróquia para o Seminário. Foram construídas três igrejas; também foram comprados quatro órgãos eletrônicos. Tudo isso graças às bênçãos de Deus.

6° Chamado: Em 1984 aceitei o chamado para Joaçaba, SC, para ser Diretor da Escola Básica “SS. Trindade”. Foram 11 anos de muito trabalho e bênçãos, pois tínhamos mais de 800 alunos.

7° Chamado: No final de 1994, aceitei o chamado para a recém-formada paróquia de Catanduvas, SC. Destaco o fato que a comunidade, com apenas 125 membros, construiu uma igreja em 7 meses e 10 dias.  Em 1997, faleceu tragicamente o meu filho Paulo. Primeiro, entrei em depressão; depois, fiquei com sérios problemas de saúde. Por isso, em 1999, tornei-me pastor emérito.

O que eu posso dizer: Deus foi extremamente bom comigo. A ele, sempre louvor, honra e glória. (Pastor Ervino Skalee – maio/2023)

       *Com o apoio dos filhos Marion e Marcelo, meus alunos em São Paulo; e da secretaria da IELB.

Pastor Ervino Skalee

Nascimento: 16/12/1938, na Linha 27 Norte, Ajuricaba, 3° Distrito de Ijuí, RS

Filho de Guilherme Skalee e de Alvina Skalee

Formatura: 29/11/1964

Ordenação: 18/04/1965, em Picada Karnopp, Candelária, RS

Casamento: 05/12/1964

Esposa: Marlene Machado

Filha de Osório Feliciano Machado e Theolinda Appel Machado

Filhos: Paulo Ricardo (em memória), Marcos Lauri (em memória), Marion Cristina, Marcelo João

Ficou viúvo em: 02/03/2020

Segundas núpcias: 28/08/2020

Esposa: Lorena Fürstenau, nascida em 03/04/1950

Filha de Ewald Fuerstenau e Lori Mertens Fuerstenau

Locais que serviu:

Estágio: Rancho Grande, Concórdia, SC; Marcelino Ramos, RS; Cristo, Porto Alegre, RS (1963)

Candelária, RS – Bom Pastor – Passa Sete (1965-1966)

São João, PR – São João (1966-1971)

Canoas, RS – São Paulo – (1972-1974)

Cacoal, RO – Concórdia – (1975-1977)

Santo Ângelo, RS – Concórdia – Buriti (1978-1984)

Joaçaba, SC – Santíssima Trindade – (1984-1994)

Catanduvas, SC – Cristo Redentor – (1994-1999)

Emérito desde 1999

Mora em Santo Ângelo, RS

Comentários

  1. Senhor Mayer morava no interior de Ouro Preto do Oeste, não na cidade. Por isso não havia estradas. Quem o recebeu na Linha 201 era senhor Nink, e não Mink.
    Eu o substitui em Cacoal. Havia 13 congregações/pontos de pregação.
    Hoje são 4 paróquias,
    Ministro Andreaza
    Linha 6
    Cacoal
    Linha 9

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