Brincadeiras de criança, como é bom! Como é bom!

A brincadeira tem fundamental importância para saúde mental na infância e para o desenvolvimento infantil

Miriam Raquel Wachholz Strelhow
Psicóloga, professora e pesquisadora na área do Desenvolvimento Humano

               No mês de outubro, temos o Dia das Crianças, muito aguardado pela maioria delas. Muitas esperam esse dia para fazer algo diferente, como passeios ou ganhar presentes, aspectos que foram sendo inseridos em nossa cultura. Algumas famílias, escolas e igrejas reservam atividades especiais para dar destaque às crianças e à infância nesse dia, ou em dias próximos a esse.

                Se você tivesse que responder qual é a principal característica da infância, o que diria? Bem, poderíamos fazer uma lista de características e coisas importantes que valorizamos nesse período da vida. Hoje, eu gostaria de destacar o brincar. Jogos e brincadeiras estão presentes na nossa vida desde o nascimento, e continuam sendo elementos importantes durante toda a vida, mesmo se transformando ou adquirindo novas configurações.

               O bebê, logo que nasce, começa a descobrir o mundo. Tudo é novo. O próprio corpo é descoberto através das brincadeiras. Por isso é tão divertido morder a própria mão ou agarrar o próprio pé. Nos primeiros dois anos de vida, os bebês têm predominantemente brincadeiras motoras e de exploração, que acompanham o seu rápido desenvolvimento corporal. Gostam muito de brincar com objetos diversos, descobrindo suas funções, e com a mediação de adultos, por exemplo, se escondendo e voltando a aparecer.

Por volta dos dois anos, começam o que chamamos de “brincadeira simbólica”. A criança passa a brincar de faz-de-conta. Faz de conta que é uma escolinha; uma casinha; um mundo encantado; um reino de dinossauros ou de super heróis. À medida que cresce, ela passa a gostar também, até se tornarem predominantes, dos jogos com regras. Em geral, uma fase que acompanha o processo de escolarização.

               Especialmente na infância, a importância do brincar não está apenas no “passar tempo”. Muitos especialistas têm se dedicado ao estudo do brincar e recomendam que não percamos de vista a sua importância, especialmente do que chamamos de “brincar livre”. Simplesmente deixar a criança brincar. Veja por exemplo, esse curto trecho do documentário “O Começo da Vida” (assista aqui).

No brincar livre, os adultos não propõem uma estrutura prévia, com regras ou limitações de funções. A criança faz escolhas. Ela precisa decidir o que vai fazer, como vai fazer. Se está com outras crianças precisa se comunicar, negociar a brincadeira, chegar a acordos. Todo esse processo a ajuda a compreender o mundo em que vive, à medida que vai também desenvolvendo habilidades para lidar com ele.

A brincadeira tem fundamental importância para saúde mental na infância (veja aqui) e para o desenvolvimento infantil, pois além de ser divertida, trazer alegria, permite (baseado em Bettelheim, 1988):

– a experimentação do próprio corpo: desenvolver habilidades; alcançar conquistas; reconhecer limites;

– desenvolvimento de habilidades cognitivas: planejar; pensar; refletir; desenvolver a criatividade;

– comunicação: expressar, muitas vezes através do brincar, aquilo que não consegue comunicar com palavras;

– desenvolvimento de autoconfiança: lidar com desafios e superá-los; representar e enfrentar dificuldades; desenvolver persistência, perseverança;

– expressar e elaborar situações e emoções: expressar, por exemplo, a agressividade ou a raiva sem culpa;

– experimentar papéis sociais diversos: tentar entender como é ser adulto; como funciona o mundo adulto;

– experimentar convenções sociais: imaginar situações, experimentar o que pode e o que não pode nessas situações.

               Mais do que ter a agenda cheia de compromissos, aulas e eventos; mais do que ter o quarto e a casa cheia de brinquedos; mais do que o celular, vídeos e aplicativos; a criança precisa brincar.

Neste Dia das Crianças e em todos os dias, brinque e deixe brincar!

Referência

Bettelheim, B. Brincadeira: Ponte para a realidade. In: B. Bettelheim. Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

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