Artur Charczuk
pastor e psicanalista
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O conceito acerca da beleza intriga filósofos há séculos. Sua definição envolve reflexões sobre a essência da beleza e os dilemas em torno da sua natureza subjetiva ou objetiva. Desde a Antiguidade Clássica buscou-se desvendar o que torna algo belo aos nossos olhos e mentes. A palavra belo deriva do latim, bellus, significando algo dotado de beleza, conforme as percepções sensoriais e mentais, isto é, formas e aparências agradáveis à visão, audição, etc. Sendo assim, o belo estaria ligado ao julgamento subjetivo, ao que a pessoa pensa sobre o conceito de beleza; e ao intersubjetivo, à compreensão da sociedade sobre o belo. Muitos foram os pensadores que refletiram sobre o assunto.
Beleza e a ideia perfeita em Platão
O filósofo grego Platão, no século V a.C., acreditava que a beleza existia no transcendental, além do mundo material. Por consequência, o entendimento da beleza, seu entendimento perfeito, estaria residindo na realidade espiritual. Já a beleza daqui, a material, seria imperfeita, uma espécie de cópia rasurada. Para Platão, o belo estava relacionado ao bem, à verdade e à perfeição.
Aristóteles e a beleza enquanto proporções e arte
Já o filósofo Aristóteles, discípulo de Platão, compreendia o belo a partir da arte. Beleza com base no mensurável, calculável, e assim por diante. A beleza como uma bela obra: proporção, ordem e simetria.
A Idade Média e o conceito de beleza
Na Idade Média, pensadores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino igualavam os conceitos de belo ao bom e ao verdadeiro, sendo eles compreendidos como a perfeita beleza. O belo como reflexo nítido de Deus, ou seja, os pensadores entendiam o conceito de belo como atributos provindos do Criador.
A beleza clássica
Na arte greco-romana, a beleza ideal relacionava-se à simetria, equilíbrio entre as partes, proporcionalidade e perfeição formal. As esculturas de corpos humanos buscavam delinear um ideal de beleza física e harmônica.
Renascimento e o retorno da beleza humana na percepção da antiguidade greco-romana
O período do Renascimento trouxe de volta os ideais de beleza da Antiguidade Clássica: proporção, simetria, figuras idealizadas e cores vibrantes. Beleza artística voltada para a dignidade e a perfeição da forma do ser humano.
O século 20 e a suspensão dos padrões tradicionais do belo
A arte contemporânea problematiza as noções tradicionais de beleza. O belo clássico sofreu uma cessação das linguagens contemporâneas sobre a beleza: Surrealismo, Expressionismo Abstrato, Arte Pop, Minimalista. Tais artes exploram outras configurações, objetivando refletir sobre a beleza.
O belo contemporâneo
A percepção estética é algo que fascina o ser humano. As mais variadas mentes buscaram, digamos assim, dar exatidão ao conceito de beleza. Ao mesmo tempo, tanto a percepção estética como a própria beleza revelam o interior do ser humano, isto é, os anseios de ordem e significação. Como estamos vivendo debaixo de uma sociedade altamente consumista, a beleza é compreendida como um produto de contínuo investimento. Ser belo é ter plástica tal, harmonização facial, dentes com lentes de contato, cabelos da cor tal, moda, marca; resumidamente: a beleza está nas mãos de instituições. Estas ditam o que é belo e o que é feio, em outros termos, os mesmos grupos alinham insatisfação e beleza como sinônimas. Sempre existem novidades para ficar mais bonito, com isso, para aplacar o sentimento de insatisfação, é preciso comprar mais cosméticos, é preciso comprar mais beleza.
Que a beleza de vocês não seja exterior
“Que a beleza de vocês não seja exterior, com tranças nos cabelos, joias de ouro e vestidos finos, mas que ela esteja no interior, uma beleza permanente de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3.3-4). É um versículo bíblico muito significativo, que faz parte das instruções de Pedro para os casados. Pedro explica que o belo não está em roupas ou belas joias, mas está no serviço ao Senhor, isto é, no servir a Cristo Jesus. Algo bastante divergente para a indústria da beleza contemporânea. Pedro mostra que as coisas do mundo são passageiras, inclusive o que é belo. O que o nosso Deus quer é o coração da pessoa, isto é, a beleza que vem do coração. A beleza da oração, a beleza da vivência cúltica, a beleza de estar diante da santa ceia e assim por diante. Claro, não digo para simplesmente abandonar o exterior, é preciso cuidar do corpo, da aparência, mas tendo Jesus como o centro sobre o entendimento do belo.
Sim, que a beleza de vocês não seja exterior, mas que ela seja ornada pelo Filho de Deus, Jesus Cristo.